Estatuas de Sal

Já era tarde naquela noite, como as outras não dormia antes do sol nascer, era de lei.

Meu corpo dilacerado pedia socorro, mas eu não o ouvia, tinha coisas mais importantes para fazer, tinha que comemorar algo, tinha que beber a noite toda, tinha que prevaricar, estava ali para isso.

Desejei por muito tempo chegar a essa cidade, e mal havia chego, estava apenas há seis meses e dizem que será eterna essa diversão.

Levantei cedo dessa vez, não sei exatamente porque, deve ser porque adormeci preocupada com aqueles boatos que rondavam a cidade.

Era algo sobre o fim ou o começo, não sei bem, já não calculava bem naqueles dias ou meses, mas eram apenas boatos.

Alguns diziam, acredite isso não durará para sempre e quando acontecer não olhe para traz, liberte-se de todo o pecado, outros duvidavam, não existe força superior, estamos sozinhos nesse caminho!

Não dava muito atenção para essas pessoas propagadoras de boatos, mas naquela noite algo me preocupou, seria aquela bela senhora que troquei carinhos, me disse, que não seria possível esconder-se. Não sei!

Coloquei o rosto para fora da janela, estava me sentindo angustiada, senti aquele cheiro de podridão que exalavam de cada canto da cidade.

O sol brilhava mais forte que normalmente, parecia que tudo iria queimar como diziam, mas não queimou naquele momento.

O dia transcorria comumente, a bebedeira, as festas, o desapego de qualquer sentimento, apenas as pessoas faziam oque queriam e em qualquer lugar, perto de qualquer um, no chão, nas calçadas.

Ao anoitecer, algo estava errado, havia um silencio contido, diferentes dos dias anteriores, sempre de muita gritaria e algazarra.

Foi quando, alguns começaram a gritar, o céu abriu-se e despejou na terra, bolas incandescentes de fogo que destruía tudo que atingia, raios eram abrandados em direção da cidade, já não entendia mais nada. Seria realmente o fim, na minha mente como um fleche recordei minha antiga vida, dada ao trabalho e a família. Mas não desistiria fácil, vou fugir decidi naquele momento, então, com as ultimas forças que meu corpo poderia suportar, corri e corri.

Eu era cético, aquilo de força maior não existia e tudo iria passar e retornaríamos novamente as festas e a devassa, sendo assim, não pude me conter e parei, lembrei que não deviria olhar para traz, no entanto, virei-me.

A visão era devastadora, o fogo tomava conta de tudo e muitas pessoas ardiam em chamas, gritos agora de dor e lamentações e na fumaça havia uma imagem grotesca, era uma espécie de serpente com corpo de mulher, mas tinha as pernas de bode, seus olhos jorrava chamas e lançava fogo, sua língua lampejava e cortava como faca afiada, dividindo os corpos.

E de repente, no momento que decidi voltar e enfrentar aquele monstro, meus pés fixaram-se e comecei a sentir um gosto salgado na boca, senti uma sede desértica, minhas mãos e pés transformaram-se em uma areia branca e fina e foi subindo pelo meu corpo todo, o gosto amargo na boca aumentou como uma capa inteira de charque foi então que realmente notei era o fim e ninguém poderia fazer mais nada.

Todos aqueles pecados que nós havíamos praticados não foram em vão e atingia alguém, feria alguém, maculava uma vida, deteriorava uma doutrina e no fim ninguém aproveitava, somente era carne e desejo, dores e repudio.

Veio-me novamente minha família, então chorei, minhas lagrimas que antes não tinham gosto, agora eram salgadas com sabor de pecado e me arrependi profundamente e solicitei ajuda do céu, que respondeu veemente:

Você terá outra chance e viverá outras vidas, para que todo o mal que fez seja purificado e um dia encontrara o reino eterno da paz e tranquilidade. Aproveite para fazer o bem e a justiça e quando algum malfazejo acontecer, você sentira o gosto, que escorreram de seus olhos e jamais esquecerá que o mal perpetuado aqui seguira-lo até o fim, que assim o seja.

LaBella
Enviado por LaBella em 28/08/2010
Código do texto: T2463820
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