No chão que caiu João
No chão que caiu João
Maria não se abaixou.
Sinto a fumaça invadindo todo espaço
E sei que não há praça para ir um vagabundo.
Eu era em todo passo uma sentença
Anulei minhas crenças
Já previa o julgamento.
E não consegui fugir daqui...
Era ir para o sertão
Para a serra não ter dor.
Esconder o meu sofrer
E viver para não ver.
Eu estaria em casa
Deixando todo o resto por aí.
Era muito mais tranqüilo
Era rede, o meu sossego.
Mas eu nasci aqui
E cresci e me perdi...
Eu tinha um sonho quando criança
Eu já não sonho como antes.
E eu não penso por pensar
Esqueci de me olvidar
Para o rosto não sangrar
Guarda junta,
Não vou voltar atrás.
Do que você me impôs
Do que não foi verdadeiro.
A muitos cavalos
Não há nenhum por aqui
Ainda entro num forno
Ainda vou explodir.
Ainda bem que eu comprei
Meu rádio de pilha,
Minha cadeira macia,
Eu já posso dormir
Não é tempo de ficar acordado.
Se há loucos por aí
Vou ficar aqui,
Bem embaixo dos meus medos,
Bem acima de qualquer pretensão.
Era um corpo a mais,
Qualquer um em decomposição.
Quinze linhas se for rico,
Uma frase se não for ninguém.
Eu já perdi alguns irmãos
Que não valiam nada para alguém.