Quem salvará nossos filhos de nossos filhos?
Que mundo iremos deixar para nossos filhos?
Os olhos famintos da violência
Observam aos pequenos que nascem
Objetivam tragar para seu já farto ventre
Os rebentos queridos
Nascidos vivos
Mas que despontam em um mundo morto
Onde o amor e condicional
E o ódio sem esforço algum
É espalhado incondicionalmente
Como semente que não morre
E floresce sem diligência
No farto terreno do coração
A preocupação que rodeia nossos lares
Em proteger o que nos pertence
Torna-nos cegos quanto à realidade
Enquanto esforçamos para viver
A ditosa herança perece bem debaixo de nossos olhos
Tais seres se olvidaram dos esforços de seus ancestrais
Já não existe o respeito
Já não existe o amor
A culpa é nossa
Somente nossa.
Pois sempre deflagramos o problema para ser resolvido por outro
Tiramos o respeito de nossas vidas
E demos lugar ao liberalismo
Quebramos a tradição
Não somos mais o papai e a mamães de outrora
Somos meros “amiguinhos”
E não enxergamos os erros que cometemos
E muito menos os de nossos “bebês”
Cheios de bigodes de irresponsabilidade
Nossos filhos são criados e educados pelas “empregadas da vida”
Que os trata com a "dignidade" que querem
Sem a “crueldade de nossos avós”
Sem o calor da nossa proteção
Sem o temor no coração
São treinados para “ser ninguém”
Pra eles não importa se “queimar alguém”
Era só a sua “nova brincadeira”
Longe de nossos abraços
Longe de nossos carinhos
Eles não nos conhecem
E nós não os conhecemos
Atribuímos o pecado do erro sempre ao diverso
Mas esquecemos que o nosso também é filho
E que acompanha inclusive a alguém.
O mundo não tem culpa de serem assim
Porque já existia
A culpa é de quem os trouxe aqui
Sem condições para compartilhar
Sem caráter para ensinar
Preocupamos-nos com o meio em que vivemos
Em promover uma “qualidade de vida melhor”
O desenvolvimento sustentável sustenta a plataforma dos palanques
Em forma de discurso salvador
“Deixaremos um mundo melhor para vocês!”
Frase fria
Dita sem motivo
Dita sem objetivo.
O companheirismo acabou
A brincadeira de rua também
Nas rodas de pequenos amigos não se vê mais ninguém
Como é mesmo o nome do visinho?
O ser pensante agora vive sem viver
Só pra si
Encasula-se cada vez mais
O "meu" e o "eu" preenche seu vocábulo cotidiano
Destruindo o "seu" sem valor
Ego forte
Sem limites
Precisa de satisfação
E para isso
Coidatinho
Não mede esforços
Ainda que tenham que “passar por cima da vida de alguém”
Passar por cima de uma mãe
Passar por cima de um pai
O professor que com autoridade usava o banquinho da disciplina
Salvou nossos pais da cadeia
Sentava-se à carteira pra ensinar,
Agora,
Com medo de morrer,
Apenas se esconde à sua borda e espera o tempo passar
Pois teme ao pequeno e inocente do filho de alguém
Que mal sabe ler
Mas já sabe atirar
Intocável aluno!
Que quando se interessa em estar atrás de alguma coisa
É apenas atrás da “carteira” do professor!
Quem salvara nossos filhos de nossos filhos?
Esqueceram-se de quem somos nós
Esqueceram-se de quem são eles mesmos
Esqueceram-se de Deus.
Diante de tudo que se vê,
A pergunta certa seria:
Que mundo estamos deixando para nossos filhos?
Ou
Que filhos estamos deixando para nosso mundo?
Eduardo Franco Vilar.