Um pai condenaria seu filho a sofrer eternamente?

Certa vez fizeram a seguinte pergunta: Que tipo de pai condenaria um filho a sofrer eternamente?

Isso me fez refletir bastante e ainda estou refletindo, rsrsrs. Mas o que penso, por hora, é o seguinte:

E se, na verdade, não houver condenação, mas apenas uma escolha? Ou seja, fique com Deus quem quiser, e fique longe quem quiser também.

Isso é injusto?

Mas o que o livre-arbítrio tem a ver com o fato de Deus condenar ou não alguém? Essa liberdade é anulada quando ocorre a condenação?

Imaginemos uma menina de uns 12 anos tomando conta de outra de uns 4 anos, a menina maior se distrai e a menor vai pra calçada e tromba com um adulto passante, aí ela cai, se machuca e começa a chorar.

De quem será a culpa? Quem os pais irão responsabilisar?

Será a menina maior, com certeza.

Por quê?

Porque ela tinha o poder de evitar esse acidente, não é?

Esse foi um exemplo bem tosco, mas o que quero dizer é que com Deus as coisas funcionam de forma semelhante a esse exemplo, ou seja, Deus tem o poder de evitar todo o mal, mas não faz. Isso o torna, então, o responsável por tudo.

Isso fica claro no livro de Jó em seu cap. 1, onde Satanás pede a Deus a permissão para enviar o mal a Jó.

Assim, não foi Deus quem fez o mal, porém em Jó 42, Deus diz que foi ele quem fez o mal.

Estou me fazendo entender?

Não importa o que ocorra, Deus dirá que foi ele quem fez, mesmo que não tenha sido, basta olhar a história de Moisés, lá diz que Deus endureceu o coração de Faraó. Mas, na verdade, o Faraó era mal por natureza, Deus apenas não o impediu, embora pudesse.

Deus é soberano e nada foge ao seu controle, sendo assim, para que a liberdade individual possa existir, Deus deixa o mal existir, pois se as pessoas não puderem escolher o mal, caso queiram, então não serão livres.

Além disso, Deus não determina arbitrariamente quem vai pro céu ou inferno, como alguns dizem que Calvino afirmou, Deus apenas permite que as pessoas escolham, mas ele assume a culpa, pois foi ele quem deixou as pessoas escolherem, mesmo que escolham o que é pior pra elas.

O inferno é uma escolha, nada mais e nada menos.

O amor de Deus é para quem quer seu amor.

Mas qual o amor de Deus? A quem Deus ama? E o que ele faria por esse amor?

No filme Armagedon, com Bruce Willis, seu personagem morreu no fim para que a humanidade vivesse.

Isso foi burrice?

Muitos acreditam que o amor à vida se reflete na covardia, pois o covarde não quer morrer, por isso foge e vive mais. Mas isso é amor à vida? Ou apenas medo da morte? Existem suicidas em potencial que não dão fim à própria vida por lhes faltar coragem, mas não amam sua vida. Assim, temer a morte não significa amar a vida. Em muitos casos, porém, a coragem diante da morte pode significar um grande amor à vida, não apenas à própria vida, mas à vida como um todo. É isso que Jesus Cristo fez, pois quando se sujeitou à crucificação para nos dar salvação, ele nos mostrou o amor à vida e a coragem diante da morte.

Mas, por que Deus mandou que ele fizesse isso? Não foi um ato cruel da parte de Deus? Não seria melhor se ele próprio fizesse isso?

O que é um avatar no sentido religioso? É quando um deus faz outra versão de si mesmo, uma versão menor. Porém essa versão não é outro ser, mas ele mesmo (Jo 1.1 e Fl 2.7). Deus se revelou no passado como ele de fato é, como, por exemplo, quando apareceu na forma de uma nuvem escura no monte Sinai, onde Ele falou com todo o seu povo. Porém as pessoas se assustaram e pensaram que morreriam. Se ele sempre se manifestasse assim, todos seriam convertidos na marra, então, não seria algo sincero, mas por coação.

Deus, então, se fez humano como nós e, por isso, pode se aproximar e demonstrar de forma prática o que é o amor de fato, sem coação. Assim podemos escolher o que queremos.

Mas, por que ele precisou morrer?

Alguém discorda que quando uma pessoa mata ou rouba, sua punição é justa? E que Deus TEM que ser justo? E, ainda, que ninguém é perfeito?

Pois é, esse é o problema. Nossa noção pessoal de justiça é sempre a nosso favor, logo, sempre nos imaginamos uma boa pessoa (até os traficantes pensam isso de si). Isso é algo natural, perfeitamente comum. Contudo, se temos um tribunal humano e o obedecemos, por que não ter um tribunal divino? E verdadeiramente imparcial?

É o mesmo princípio, não é?

Deus é verdadeiramente justo e age com justiça, porém entre condenar e salvar, ele prefere salvar.

Imaginemos alguém que assassinou uma pessoa e foi pego e, por conseqüência, será julgado e preso. Porém surge outra pessoa, que todos sabem que é inocente, porém esse inocente diz: “eu cometi o crime, quero ser julgado e, inclusive, aceito a punição.”

Ele assume a culpa e a sentença do outro.

Jesus (Deus) assumiu o julgamento e a condenação de todos nós.

Esse é o verdadeiro amor à vida.

Amar a vida significa enxergar além do próprio mundinho, pois a vida é bem maior que nós. É o amor à vida que nos dá coragem diante da morte, pois vale a pena lutar e morrer por ela.

Foi isso que Deus fez.

Por causa da morte de Cristo, ninguém mais tem culpa.

O que nos resta é apenas a nossa liberdade pra escolher o que queremos.

Ele poderia não morrer, caso quisesse, mas essa foi a forma mais profunda possível de transmitir sua maior mensagem: ele nos ama mais do que tudo.

Mas nós não precisamos aceitar esse amor, podemos rejeitá-lo.

Somos livres pra isso.

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