O fundo do poço.

Disseram-me vivo em uma constante depressão. Creio, que habitar esse mundo, dessa maneira, é sim viver em uma depressão incurável.

Viver a merce dos outros, vulnerável quanto a atitude do outro, obedecer, aceitar... como viver feliz diante a tamanho sofrimento? A pior dor que podemos carregar é a dor da aceitação, você sabe que precisa mudar, mas não consegue, é impossível.

Inerte, Entorpecida, Apática, é como ver o barco se afastando e pular, sabendo que não vai alcança-lo mas com a esperança de que as águas curem a solidão, esperando que o vazio preencha o próprio vazio, que as águas levem os medos e tragam sonhos, esperando renovação, que a alegria vença a tristeza, esperanças em vão.

"Nada muda se você não mudar", "você é o que você pensa", "negatividade atrai negatividade", frases de costume aos meus ouvidos. Eu juro, eu tento estar sempre com um sorriso estampado no rosto, fingindo, negando, desfarçando... mas existem dias em que o desespero insiste em tomar conta, e o ar sério, intocável, impenetrável e sombrio é o meu maior refúgio. A tristeza em meus olhos estão presentes todos os dias, mas meu sorriso a torna imperceptível, exceto nos dias claros, tão sombrios quanto os meus pensamentos em noites escuras. O fundo do poço.