Hoje, só hoje
Hoje, só hoje, eu acordei me sentindo menos eu. Vivi minha vida em terceira pessoa, observando de longe cada detalhe, cada segundo, cada suspiro. Percebi coisas sobre mim que eu desconhecia: manias, jeitos, maneiras, momentos. Observei cada golpe de reflexão, cada tomada de decisão. Senti o coração apertar ao ver sorrisos pintados no meu rosto, na tentativa de esconder os problemas e seguir em frente.
Tinha que seguir em frente, não tinha tempo a perder. O tempo só passa, não importa o quão difíceis são as coisas. O tempo só passa…e passa para todos ao mesmo tempo.
Queria me ajudar, mas não podia. Não queria que eu mesmo me descobrisse durante esse dia de descobertas. Eu tinha muito o que aprender sobre mim ainda, não podia parar. Apenas torcer, de longe, para que, como sempre, as respostas viessem perdidas em pensamentos.
E então, as respostas vieram. Vi aquele olhar confiante e aquele esboço de sorriso que eu conhecia bem! Meu corpo fora tomado por uma vibração positiva naquele exato momento. Mesmo de longe, eu sentia que meu eu estava no caminho certo. A sintonia era impressionante. Natural, já que eu estava ligado a mim mesmo, de certa forma.
Interessante como os ombros se relaxam e o corpo fica mais leve depois disso. De longe, fica fácil observar esses pequenos detalhes. Talvez por isso eu não sinta meu corpo tenso nesse momento, tensão que vinha se tornando tão rotineira, tão parte do meu dia.
Satisfeito, esvaí-me. Flutuei e desapareci lentamente. Me senti um só outra vez. Pleno. Normal (o meu normal).
Hoje, só hoje, eu quis ser eu mesmo e mais ninguém!