Covardia frente à finitude da vida

       Podem me acusar de muitas coisas, mas de covardia frente à finitude da vida não.
 
       Como ateu, olho esta vida como única, e a morte como o fim do meu presente. Como materialista, tive de encarar de frente que não sendo nada especial, frente à beleza múltipla das vidas que a evolução permitiu serem selecionadas, meu fim será o mesmo de todas elas. Pode ter sido mais difícil encarar a morte no início, quando via a ingenuidade de uns e a crença sincera de muitos em uma nova vida, mas a minha leitura diz que a crença apesar de bela, não justifica a verdade que vejo.
 
       A muito tempo, faço da minha finitude, uma maior obrigação de buscar ser útil, coerente, e parceiro de meus semelhantes, amando a vida, não a vida humana que me encanta, mas a vida biológica que nos cerca e nos envolve.
 
       Encontrar comigo mesmo, com os olhos livres de filtros, e com a mente aberta a percepção máxima, me fez ver como estou ainda distante de ser um verdadeiro ser humano, mas isto me dá força de continuar na luta, longe da covardia de temer a morte.


Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 16/08/2010
Reeditado em 16/08/2010
Código do texto: T2440559
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