Mudança dos ventos
Aconteceu! Sem me dar por isso
Esperei tanto por esse momento
Quando me sentiria dono de mim novamente
E como uma criança que fecha os olhos para sorrir
Assim o fiz, ao abri-los, o vento havia mudado de direção
E arrastou todas as partículas da sua essência
Que insistia em residir nas paredes do meu coração
Eu, hospedeiro de um amor inesquecível
Como o cheiro de uma fragrância de toque sutil
Porém, com uma fixação quase infinita
Abrir os olhos ao fim de um suposto sorriso
E dei-me conta que não mais havia laços
Que nos uniam através do dom divino de amar
Como as águas de uma tempestade torrencial
Que chegam sem aviso e arrastam todas as coisas no seu caminho
Você se foi de mim.
Tomei posse dos meus pensamentos
Agora quando o vento acaricia o meu rosto
E posso sentir a presença da energia da vida em meu corpo
O meu coração vibra de emoção
Não que eu celebre o fim desse amor
Pois, acredito que o fim de um amor não deva ser celebrado
Comemoro, e o faço com muita ênfase
Pois ainda sobrou muito de mim para recomeçar
Esse mesmo vento que nos levou um do outro
Me trousse coisas novas...
Parece lugar comum dizer que não se esquece o primeiro amor
Mas a insistência da redundância também se faz necessária
Ao afirmar essa como uma verdade universal
Lamento o fim desse amor tão verdadeiro
Como é todo o primeiro amor de um ser
Embora ainda que te amasse, precisei partir
Havia um mundo que precisava conhecer
Pessoas, lugares e até outros amores
E claro, o meu mundo interior ainda tão pouco explorado
Sim! Ainda penso em nós dois
Embora o faça, quando relembre aqueles dois jovens
Que nutriam em corpos distintos, sonhos de um só corpo
E hoje embora não os realizem como sonhara na sua essência
Os fazem em seus novos caminhos de forma mais amadurecida
Daqui, onde por vezes pode-se tocar nos sentimentos
Como se forma física os tivessem
E saborear o gosto da vida
Como pétalas de rosas inundadas em orvalhos de mel
Peguei-me pensando em nós dois
E reescrevi o que por um frágil momento
Supunha ter sido um devaneio sobre o fim
Porém desta vez, sem as dores da partida
Mas como o simples cair de uma folha seca
Ao desprender-se do arbusto
Ou como uma gota de chuva sobre a grama
Anunciando a mudança da estação
Como J. Hanway
Salvador, dezembro de 2008