Quando a Politica Perde a Graça
O poder sempre foi uma das coisas mais cobiçadas pelo ser humano. Quando conseguimos acabamos nos envenenando com todas as possibilidades que são postas a nossa frente. Principalmente quando esse poder pode decidir a vida de outras pessoas. A maior arma contra todo esse veneno sempre foi o humor.
É ele que coloca nossa cabeça no lugar e nos faz enxergar verdades que teimamos em não perceber. Talvez seja por isso que todo governo totalitário tenha tanto medo daqueles terríveis monstros, os comediantes.
Foi assim com Hitler e Chaplin durante a segunda guerra mundial, Medice o Pasquim, e, por incrível que pareça, com os candidatos destas eleições e os programas humorísticos.
Nas eleições de 2010 os humoristas estão proibidos por lei de fazerem piada com políticos. A multa para a emissora de rádio e televisão que cometer tal crime pode chegar a 200 mil reais.
Em um país como o nosso, que verdade seja dita, só conhece os candidatos quando estes são alvo de piada ou de escândalos, a população fica sem poder rir daqueles que durante quatro anos irão dar gargalhadas com o dinheiro dela.
Proibir o comediante de brincar com o que ele tem nas mãos, o cotidiano da sua comunidade, ajuda a criar cidadãos cada vez mais alienados e dispostos a repetir um discurso quase obrigatório para o povo brasileiro: “eu não gosto de política”.
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral o objetivo da Lei é impedir que um candidato saia prejudicado e manter a igualdade entre os concorrentes. Mas se esse é realmente o objetivo, porque não foi dado aos candidatos um tempo igual de divulgação no horário eleitoral, mesmo com as diferenças no tamanho dos partidos?
As piadas maldosas, senhores candidatos, nada mais são do que a resposta as suas atitudes. Desde crianças aprendemos que toda ação vem seguida de uma reação.
Quem sai perdendo com a censura é a sociedade, que acaba esquecendo que política é muito mais do que dinheiro em cuecas.
Os humoristas, estes continuarão, mesmo que de uma forma velada, a fazer humor em cima das trapalhadas dos políticos. Afinal de contas, sempre haverá alguém para mostrar que o rei está nu.