Sentada a Beira do Caminho do Passado
SENTADA À BEIRA DO CAMINHO DO PASSADO
Sentada na beira da estrada com um menino no colo decidindo que rumo tomar
...Uma bifurcação...
- Qual dos caminhos, Senhor?
- Está no destino, minha menina! – respondeu-Lhe, mas ela não podia ouvir, não naquele momento, a sintonia com o divino era fraca, era nula
- Me responda, por favor! – a voz não lhe alcançou
Talvez seja tarde demais...
Eu te vi sentando triste, olhei para trás
Que esperança que me visse...
Tão perto estavas, mas tão distante
Bateu forte o coração
Não tão forte como das primeiras vezes
As primeiras vezes eram mágicas:
“Frio, muito frio, fazia muito frio
Luzes coloridas...
Como de costume... preto
Vozes: - The lady in Black!
- Qual é o seu signo?”
Tantas coincidências
Mais do que poderia imaginar
“Árvore genealógica, brincadeira do destino”
Mas agora, de novo
A liberdade, quando virá?
“Venha de pressa
Faz esse amor passar
Faz essa dor passar”
Eu sonhei, você também
Com o futuro...
As mesmas canções
Andaríamos pelos mesmos caminhos
Aprendi com você, o bem e o mal
As lágrimas sempre se misturando
Com um beijo, um beijo doce
Com sabor de saudade, sempre com sabor de saudade
E de chocolate...
Mas o coração, o coração ficou com sabor de amargura
Sempre com o medo da traição
Fins de semana: grama, parque, igreja
Eu pedi tanto a Nossa Senhora
Você gostava de cinema
Te fiz conhecer os meus segredos
Meus segredos de menina
Deitada no seu colo eu vi as estrelas
Do futuro e do passado
No presente não existem mais estrelas...
Eu era só uma menina e nosso Romance era Ideal
“O seu exército invadiu o meu país...”
Nós choramos na chuva
Cantamos canções de amor
Com sabor de promessa
Vimos balões cor lilás estourando na leveza da noite
Escolhemos os nomes do futuro
Pontos de luz bem distantes
As lágrimas se misturaram num beijo
Sentados à beira do mar
E você apenas ficou em minha casa até o dia clarear
Vendo a menina sentada à beira do caminho com seu filho no colo
Aquele que não tivemos porque você nunca mais voltou...
Escrito em 31/07/1992