DESFRAGMENTAÇÃO
Eu me visto de sonhos
Eu me cubro de desejos
Eu me adorno de ensejos
E trafego entre galanteios e malfazejos
Eu me perfumo de olhares vãos
Eu me penteio com a vaidade da vida
Eu uso o cinto de doces imprecisões
Ou com a angústia dos meus latentes medos
Eu calço o sapato das andanças afãs
Eu caio em desuso a cada atroz segundo
Eu de fato estou só no globo feito moribundo
Eu vivo de utopias que destilam veneno
Entre resquícios e suplícios de frias nostalgias
De coisas que transitam em mim forma abrupta
De algo que mesmo vencido se recusa a perder
E mesmo todo ensanguentado luto até exaustão
Por mais um dia de glória nesse mundo cão.