Meu Sangue

quem dera fosse o meu sangue

derramado entre as rosas

colorindo o rubro suspiro

esquentando as suas pétalas

e mirando o horizonte.

quem dera fosse o meu sangue

quente escorrendo pelos dedos

vazios de toques ou sensações

emoções, ja não correm mais nesse sangue,

que escorre sem gosto e sem virtude.

quem dera fosse o meu sangue que corre

em minhas veias, que tivesse escorrendo

agora por entre os meus dedos,

correndo pelo meu corpo

sujo de tinta furiosa e quente!

quem dera um estouro

desatinasse no coração rápido e descompensado,

seco e fraco,

que eu escuto agora

quem dera fosse a hora

do tic-tac do relógio ir sumindo...

o beijo seco é o que me escorre da boca

a palavra doce é o que está guardada na alma

de alguém que nunca me falará...

quem dera agora matar

o coração desesperado, que eu ouço

tocar a valsa da agonia,

a calmaria devia se formar...

seguida da maresia e loucura de quem escreve

o louco e triste momento se deve

a um gosto salobre na boca

cobrindo a cara de pavor, sombra e vergonha.

Tristeza e dor.

de um pedido

de quem dera for

que o sangue que escorre nos dedos fosse meu,

invés da tinta de fúria que desenho meus fantasmas.

quem dera fosse eu desenhado

invés de me assustar ou segurar a mão

estendida desse fantasma,

para que o rubro escuro e quente

escorresse por mim e fosse tudo sumindo

até apagar...