Branca de terror
“Deixa-me, fonte!” Dizia
A flor, tonta de terror.
E a fonte, sonora e fria,
Cantava, levando a flor.
“Deixa-me, deixa-me, fonte!
“Dizia a flor a chorar:
“Eu fui nascida no monte...
Não me leves para o mar”.
E a fonte, rápida e fria,
Com um sussurro zombador,
Por sobre a areia corria,
Corria levando a flor.
“Ai, balanços do meu galho,
Balanços do berço meu;
Ai, claras gotas de orvalho,
Caídas do azul do céu!”...
Chorava a flor e gemia,
Branca, branca de terror,
E a fonte, sonora e fria
Rolava levando a flor.
(Vicente de Carvalho)
Como a pobre flor do poeta, estou branca de terror.
Está se formando uma situação, da qual eu não sei se sairei incólume.
Mas, quem liga para isso?? Quero mais é viver a vida, com todos os riscos que me forem apresentados. Branca de terror, pronta para o que acontecer. Morrendo de medo, mas desejando o que pode ser que virá.