Sobre a vida (e a morte) - fases e faces

Tenho fases. Sempre há o tempo da minha vida em que penso... na morte. Sim, acho que o inverno é o tempo de ter consciência da brevidade, não sei ao certo se são as chuvas ou o clima frio com que nos deparamos com nossas limitações, mas vejo nesta época sempre o pensamento de que um dia... bem, de que um dia não haverá mais um dia – para mim e para todos.

Pensar na vida é, portanto, constatar o seu oposto, saber-se ciente da morte. E, neste assunto, pensar é sentir, eu acredito. Ainda não sei qual crença adotar para me confrontar com a tal da mortalidade. Então é isso mesmo, das certezas que o homem leva em sua vida, a mais correta – e que igualmente atinge a todos, seja o empresário, o marceneiro, o índio ou o americano – pra se levar ao peito é saber que se encontra no meio de uma história de final definido, porém ainda incerto – como e quando permanecem incógnitas e saber todas as respostas é mesmo querer saber demais.

Tudo bem, nem deveria mesmo sequer estar surpreso com o que acima disse. Mostro-me apenas consciente. O que fazer, agora?

Não sei o que existiu antes, se me perguntaram: - E aí, vai querer mesmo ir pra Terra e ter uma vida com todas as experiências e todos os valores e sabores que teus sentidos podem apreender? Se tu quiser, saiba de uma coisa: teu tempo é curto, aproveite-o!

Não sei se existem outras vidas, aliás, quem saberá de verdade dessas coisas? Suspeito que só os mortos sabem mais que os vivos! Sei que tenho esta, que vivo, que respiro, que aprendo e apreendo esse mundo de tantas formas que eu mesmo tenho um universo dentro de mim – e há bilhões de universos pelo mundo que ainda não foram explorados ou mesmo não se sabem assim complexos!

Sei que parece sonhador, mas não quero viver em vão – tenho idéias, ideais, sonhos e planos. Tenho uma vida inteira e isso é o suficiente pra me saber força e verbo. Quero deixar saudade, ao menos. Mas não quero partir sendo apenas um nome numa lápide velha ou um rosto que já pertenceu a uma multidão, sem dela se distinguir.

Quero marchas, bandeiras, princípios, lutas, vitórias, ações – quero também um beijo ao fim do dia que me empreste a alegria e me faça crer no samba a dois, na primeira pessoa do plural. Ora, tenho faces!

Lucas Sidrim
Enviado por Lucas Sidrim em 01/08/2010
Código do texto: T2412918