Pensar

       Muitos preferem a morte a terem que pensar, falava Bertrand Russel. Infelizmente a maioria de nós, simples mortais, durante a eternidade de nosso presente, não aprendeu a pensar.
 
       Pensar é livre, é fácil, e o melhor é secreto. Não preciso ter vergonha do meu pensamento, enquanto conscientemente o utilizo como estratégia de averiguação ou de interpretação de possíveis realidades.
 
       Se desejo procurar entender os seres humanos, tenho que ter a liberdade e a coragem de pensar as múltiplas possibilidades, sejam estas éticas ou antiéticas.
 
       Conscientemente preciso passar pelos torpes pensamentos, para primeiro entender até onde vai a capacidade de ação de um homo sapiens. Segundo para tentar entender os meus limites reais, e não aqueles limites cognitivamente atribuídos por éticas ou morais passageiras. Até onde eu realmente sou capaz de ir, tanto nas condições normais (onde acabamos agindo mais conscientemente e nosso limite acaba sendo mais limitado pela ética) e principalmente nas condições emergenciais, onde as decisões muitas vezes devem ser tomadas em fração de instantes, e a consciência muitas vezes nem acaba sendo chamada, e o nosso limite pode chegar ao fundo de nossa índole animal. Isto não é bom e nem é necessariamente ruim. Somos assim, nossos limites animais são reflexos de múltiplas e continuas seleções naturais, que nos garantiu a sobrevivência.
 
       Não evoluímos em nós mesmos, a evolução se dá lentamente, e através de pequenos erros de cópias que nos levam a uma adaptação mais adequada, o que significa necessariamente maior certeza de procriação.

       A evolução passa pelas fases: erro de cópia levando a variações, variações levando a especializações, especializações levando a adaptações e finalmente a seleção natural ou a seleção sexual selecionando os espécies mais bem adaptados. Pode não ser romântico, mas é muito lindo, posto que é natural e sem um plano atuante.
 
       A evolução jamais teve um plano, ou alguma direção seja ela positiva ou negativa. A única certeza na evolução é que erros de cópia levam a gerações subsequentes com mínimas alterações, mas que de alguma forma propiciam maiores chances reprodutivas, ou por seleção natural, ou por seleção sexual ,onde as fêmeas sempre foram a causa maior desta seleção.
 
       Então, se a seleção natural nos permitiu um cérebro maior, ao custo astronômico de gastarmos com ele mais de um terço de nossas energias, devemos ter a coragem de utiliza-lo para pensar. E pensando, aprenderemos a discernir as falácias das verdades, os factoides das evidências reais, e nos conheceremos cada vez mais, conhecendo também todo o potencial de nossa raça.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 27/07/2010
Reeditado em 27/07/2010
Código do texto: T2401651
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