Platônico

Às vezes penso que o amor não é pra mim, as frustrações que se acumulam nos espaços que um dia foram destinados aos sonhos, me tornaram refém dos meus piores pesadelos. Não quero parecer fraco, desiludido ou ingrato, quero apenas poder ser humano e não mais me envergonhar disso.

Eu luto todo dia por um sentimento que nunca vivi e me exponho ao ridículo dos que se perdem nos limites do real e imaginário. Existe uma convicção misturada aos sonhos, uma certeza que carece de argumentos e uma vontade de provar a mim mesmo que eu estava errado quando duvidei do impossível.

Algo me diz que estar junto de ti poder ser mais do que estar perto de alguém, pode significar estar finalmente completo. São apenas suposições de alguém que ainda sonha e acredita que o amanhã pode ser uma espécie de recompensa aos que optaram por não desistir no hoje.

Então eu deixo os meus sonhos crescerem fortes e mais fortes, até que estejam grandes o suficiente para enfrentarem a realidade que os cerca. Sonhos são como filhos que criamos, eles nascem, são alimentados e por vezes nos deixam órfãos, quando se desfazem sem aviso prévio. Desenvolvemos os mesmos sentimentos de posse, medo, proteção; com a diferença que os filhos são criados para o mundo e os sonhos são criados para... Para que mesmo são criados os sonhos?!

Não posso falar por todos os sonhos e sonhadores, sonhos possuem voz própria e o meu me diz que precisa de ti aqui. Mas ele não grita com a mesma intensidade com que é sentido, ele apenas sussurra, para que somente eu o escute quando todos se calam.

Encontrar-te em pensamentos, imaginar um encontro casual, contar com o acaso, registrar toda a sua ausência em palavras que talvez nunca sejam lidas pelos olhos que me fizeram ver o mundo com um significado maior. Mas não me importo, pois quando a ti eu vejo, ainda que por fotos, meu coração se alegra pela mínima evidência de sua existência.

Talvez um dia eu tenha a coragem de apresentar ao sonho o seu sonhador, até lá, me manterei assim: uma espécie de segredo tolo que eu mesmo criei para você desvendar.

Luan Emilio Faustino 26/07/10 – 16:06