A Verdade Sobre o Sono

É verdade que dormir bem faz muito bem à saúde, mas, o que é dormir mal? Considera-se poucas horas de sono um fator prejudicial. Desconhecem muitos quão longe da verdade está este pensamento. Não é uma questão de exceções à regra os grandes nomes da história que tinham, e ainda têm por hábito dormir cinco, quatro e até três horas de sono, tal foi o caso de Thomas Edison. Este homem passou dos oitenta anos de idade em perfeitas condições de saúde e legou à humanidade infinito cabedal de utilidades que fazem hoje a diferença em nossas vidas. O grande empecilho ao desenvolvimento do homem chama-se senso comum. Ele atrapalha até nas mínimas coisas porque deixa, no rastro das nossas atividades a dúvida, o medo e nos priva da iniciativa quando pensamos em não aderir a ele.

Dormir é para os fracos, dormir demais faz mal, sono bom é sono profundo são ditos populares que não escondem a verdade, mas que, pelas razões já citadas, quase não são praticados. Poder-se-ia encher livros e manuais com conselhos, advertências e dicas sobre o sono, mas, em minha opinião e baseado em minhas experiências (toda verdade baseia-se em experiências próprias) pode-se tudo resumir numa única e simples frase: dorme as horas de sono que te farão satisfeito. Todavia, o entendimento sem prática torna-se nulo e a coragem faz parte da prática; isto não é mais do que uma tentativa de mudança em busca da vida plena, da qual depende a saúde e a longevidade, o contrário do que se costuma pensar. Novamente o senso comum nos privando de viver como se deve a nossa vida. Somos seres sujeitos a fases, as quais, se analisadas com fé e sem precipitações, só tendem a nos levar ao crescimento. Assim também é o sono: se você estiver crescendo você vai dormir menos, não importa quantas horas de sono já vinha dormindo. Somos seres espirituais e não físicos. O sono é para o corpo o que para o espírito é a oração: um bálsamo reparador e revigorante, mas não é a quantidade que vai fazer a diferença.

Há casos e casos, mas também uma regra básica para tudo isso: o pensamento. Somos o que acreditamos. A influência externa tende a nos privar da iniciativa. Não esqueçamos que vivemos num mundo eivado de interesses; precisamos ter opinião própria e ditarmos a nossa própria vida sem nos deixar influenciar. Isto também diz respeito a calmantes para o sono em forma de barbitúricos, beberagens ou outras apelações. O grande obstáculo é achar-se que vai ficar doente porque se dormiu pouco. Exclui-se aqui os casos patológicos, passivos de um acompanhamento. As nossas rugas, o envelhecimento, vêm nas horas de sono; as olheiras vêm nas horas de sono ou na falta dele. Isto prova que o homem é, de fato, um ser que nasceu para a atividade e não para se preocupar. Se você acordou no meio da noite, quem sabe não foi porque já cumpriu as horas de sono necessárias a um novo dia, repleto de realizações? A vida é um dom maravilhoso outorgado por Deus; há tanto por fazer neste mundo! Será que temos que passar fora dela um terço do nosso curto tempo? Tenho a certeza que não; e tenho em Thomas Edison, e outros grandes, a garantia das minhas convicções.

Esforça-se a ciência no sentido de nos proporcionar uma vida melhor e mais produtiva. No entanto, mesmo ela, muda suas opiniões de tempos em tempos. Por quê? Penso que a explicação a isto está no fato de ser a verdade imutável e é função da ciência, assim como o é de cada um, individualmente, buscar a verdade. Sendo a busca o caminho, torna-se a mudança o objetivo. Já disse alguém, e bem o fez, que "O maior sinal de insanidade no ser humano é querer resultados diferentes e continuar agindo do mesmo jeito". Exemplo: se estou dormindo oito horas por noite e minha vida não muda, por que não passo a dormir sete horas para ver o que acontece? Penso que o segredo - se é que existem segredos quando se refere ao progresso - está na mudança pessoal, no pagar para ver. É o ser humano uma criatura de adaptações. Não podemos ser sujeitos ao que diz, ao que pensa ou ao que divulga a maioria, pois nem sempre a maioria está com a razão. Prova disso são os realmente vitoriosos que estão do outro lado, apreciando, com visão ampliada, o cenário que se encontra a sua frente e abaixo deles e, quando não são egoístas ou faltos de amor, tornam-se professores na escola da vida.

Se formos atentos ao que se passa no reino animal perceberemos que seus hábitos estão perfeitamente sincronizados com a natureza que lhes criou: comem quando têm fome e relaxam quando se sentem cansados; reconstituem-se pelo instinto e pela sabedoria, não se submetem a imposições criadas por um padrão social, por que assim tem que ser. Não estou dizendo que devemos nos desviar das regras e sermos rebeldes, mas, escolhermos um padrão de vida e a ele nos adaptarmos e não cedermos, indiferentes, a um padrão pré estabelecido. Isto não diz respeito apenas ao sono, mas a todo e qualquer comportamento relativo à saúde, principalmente.

Tendo sido o ser humano criado para a atividade mais do que para o repouso, porque é espírito e espírito não precisa de sono, chegaremos à conclusão de que o sono exagerado pode enfraquecer em vez de restaurar nossas vidas. Mas, por que digo isso? O que vem a ser o sono exagerado? Muitos, ou quase todos, pensam que o cansaço que sentimos pela manhã tem a ver com o sono mal dormido, mas quase nunca é assim. Sabemos de máquinas que, quando estão desligadas, consomem muito mais energia do que em pleno processo de funcionamento; com o corpo humano não vem a ser diferente. Embora não sejamos máquinas temos, enquanto matéria, um mecanismo físico indispensável ao desempenho de nossa missão. Da mesma forma que um aparelho consome energia aceso, mas não desligado, assim somos nós. Se ficamos na cama sem sono, mas sem qualquer espécie de atividade, estaremos nos desgastando e isso refletir-se-á no nosso dia péssimo. Não podemos nos perder em pensamentos ao perdermos o sono, pois isto é prejudicial. A preocupação vem a ser um dos maiores obstáculos a nossa felicidade, se não o principal deles. É muito melhor e muito mais producente lermos na cama ou ocuparmos a mente com uma atividade sadia até que o sono volte ou mesmo levantarmos e começarmos a trabalhar; e não é um pouco de cansaço que vai nos deixar doentes ou mal humorados. Nosso corpo sabe o que é melhor para ele e, certamente, auto recuperar-se-á no devido tempo, reativando as horas de sono que lhe são necessárias.

Não é tão prejudicial a falta de sono quanto a preocupação em relação a ela. Um breve cochilo durante o dia ou uma sessão de relaxamento, como faziam Edison, Churchill, entre tantos outros, são tão ou mais revigorantes do que uma noite de sono mal dormida. A famosa cesta, não de duas ou três horas, o que seria perda de tempo, mas, de quarenta minutinhos, ou até vinte, pode fazer a diferença entre um dia feliz ou devastador da nossa criatividade. O ser humano, e eu me incluo entre eles, porquanto me encontro longe da perfeição, tem por hábito a mesmice, porém um esforço para sair dela vale a pena, em nome da saúde e da felicidade. Vão alegar falta de tempo. Mas, qualquer período dedicado ao refazimento das nossas energias é um bom uso do tempo, para não termos que encontrar tempo no leito de um hospital. A causa da insônia encontra-se no egocentrismo. Se, ao invés de nos preocuparmos, girando os pensamentos em torno de nós mesmos, procurarmos sair de cena e, como faz uma criança, ficarmos fora de nós, imaginando uma cena de praia, pessoas na rua ou uma ave no céu, por exemplo, ficaremos surpresos com a rapidez com que vamos pegar no sono. É claro que uma xícara de chá ou um copo morno de leite também ajudam, e muito. Bom sono e belos sonhos.

Professor Edgard Santos
Enviado por Professor Edgard Santos em 23/07/2010
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