Vicissitudes.
Com um pouco de tédio, reparo à distância as pessoas ao meu redor: uma velha segurando um saco; uma criança sonolenta; entre outros figurantes. Mas com um crescente interesse, reparo também nesta garota que está a ler Dostoiévski, e isso é o suficiente para me fazer idealizá-la.
Fico a imaginar que talvez em circunstâncias diferentes, como por exemplo o trem descarrilar, poderia vir a conhecer esses outros que agora compartilham comigo o mesmo vagão, embora, nesse contexto, dificilmente produziríamos conversas agradáveis em meio aos corpos mortos ou feridos, sem falar no pânico que, sem dúvida, nos tiraria toda atenção... Esse é meu desejo momentâneo, minha fantasia absurda que me conduza a uma história interessante. Um McGuffin.