Enlatados

O mundo tem evoluído em uma velocidade que poucos conseguem acompanhar, sabemos cada dia mais do mundo e cada vez menos de nós. São tantas coisas para se inteirar, que perder tempo com autoconhecimento chega a ser uma vaidade que o sistema não costuma perdoar.

Você não precisa pensar no que você é, existe um mundo que faz isso por você, crescemos em meio aos rótulos e códigos de barras invisíveis que nos qualificam de forma silenciosa e nos condenam as prateleiras de um supermercado que esta sempre em liquidação.

Estamos nos vendendo como produtos descartáveis, nossas embalagens bem elaboradas visam aguçar os olhos de um consumidor que na maioria das vezes nos compra por puro consumismo, só pelo prazer da compra.

O bom comprador, esta a procura da verdadeira oferta, não é aquela em que o preço se desvaloriza a tal ponto em que se indaga a qualidade da mercadoria. Ele procura um produto que atenda a suas reais necessidades, gastando se preciso a sua preciosa sola de sapato e resistindo as tentações das prateleiras bem arquitetadas que nos atraem como moscas à luz.

Estamos na fila de um caixa rápido que corre sabe Deus para onde...

Nota-se tanta pressa nas mãos que nos tocam, que a impressão que se têm é que viemos de fábrica com um aviso sublinhado em que se lê: “Produto para consumo imediato”.

É tão triste concluir que ignoramos o prazo de validade das nossas relações e vivemos apenas o momento tendo como certo a existência dos produtos similares que se multiplicam.

Pudera cada um de nós desenvolver a capacidade de tornar-se um produto limitado, não pelo o mundo e seus padrões, mas pelos sonhos que são inerentes aos que não se limitam a realidade. Sejamos exclusivos, renováveis e porque não produtos biodegradáveis?

Existe um produto destinado a cada tipo de consumidor e embora não saibamos ao certo de onde viemos e para onde vamos nessa esteira da vida, temos como certo a condição de produtos perecíveis ao tempo.

Você pode se sentir o lançamento da semana hoje, a marca de confiança amanhã ou ter a constante sensação de estar fora da prateleira que deveria estar. Você não esta sozinho, mesmo quando quer estar.

Já não cabe aqui falar do clichê dos que negligenciam o conteúdo, cada um sabe ou deveria saber o que deseja carregar em sua fórmula, seja ela secreta como a da Coca ou de conhecimento geral, cedo ou tarde alguém terá o interesse de ler as suas informações.

Nessas horas se faz importante lembrar que propaganda enganosa é crime, aonde a maior vitima é o praticante do delito que por medo de vender o que se é, acaba comprando uma ilusão, da qual ninguém quer comprar, trocar e muito menos consumir.

Luan Emilio Faustino 24/05/2010 - 11:59

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