Jogo.

Talvez eu queira mesmo me apaixonar.

Esteja mais uma vez seguindo em linha reta, acelerando mais e mais, pra quando chegar ao ápice da velocidade, entrar com tudo no muro, só pra me lembrar o quanto dói. Sim, porque amar dói, e quem diz não, é porque não amou.

Eu sei que você não vai ligar, a menos que me queira mais uma vez na sua cama, pronta pra suprir qualquer desejo e até mesmo necessidade que possa existir.

Eu sei que no nosso contrato há uma observação, a qual deixa claro desde o início que não seria por amor.

Então porque eu espero uma mensagem? Uma frase de carinho que possa ao menos dar um pequeno sopro de felicidade, e conforto ao coração?

Porque eu ainda teimo em ouvir toda aquela lenga-lenga de sempre, se eu já sei tudo o que vai ser dito, e já faz até um tempo que eu deixei de acreditar?

Porque quando eu te vejo o sorriso se abre, se é você o motivo da ausência tão freqüente dele?

Sabe, pra dizer a verdade, eu cansei de me entregar com vontade, com alma e coração. Hoje eu apenas me dou, me deixo ser enganada por alguns dias. Porque eu gosto do prazer - e que isso fique bem claro – na verdade é ele quem ainda me mantém aqui. O que mata é essa tua indiferença tão natural, como se cada um fosse uma peça alinhada no tabuleiro, esperando que você a movimente nesse seu jogo de xadrez burro e barato. Hoje eu vivo na espera do dia em que eu vou cansar de tudo, de toda essa história - porque eu já até me acostumei, acho até que já se tornou cômoda toda essa situação- de ter, de ser e não poder mostrar. E aí, vou renascer das cinzas, da dor que você deixa sempre que se vai, do sentimento de impotência e desimportância que você me causa, cada vez que lembro não ser a única, e vou arrancar cada sementinha de sentimentos falsos com segundas intenções, que você enterrou aqui no meu peito pensando que eu seria mais uma. Vai chegar o dia em que eu serei a sua adversária no teu jogo, e pode apostar, o xeque-mate, será meu, queridinho. O seu antigo, pequeno e valente peão.

Natália Gonçalves e Adriana Moraes
Enviado por Natália Gonçalves e Adriana Moraes em 15/07/2010
Reeditado em 17/07/2010
Código do texto: T2380020