O dia seguinte.

O dia pré-prova tem aquele friozinho na barriga, e aquele medo que insiste em te convencer que falta alguma coisa.

O dia pré- entrevista te faz entrar em estado de loucura, como vou sentar, onde vai a mão, a bolsa, o que vou falar, como vou reagir, e se eu não convencer, e tarari tarará.

Mas o pior de todos os dias, é o dia seguinte.

Aquele dia em que você acorda e sente que poderia ter feito melhor, que poderia ter falado menos, demonstrado menos sentimentalismo e mais atitude.

Poderia não ser o dia seguinte, se você tivesse sido a dona das rédeas, quem a todo momento esteve controlando toda a situação, e principalmente o seu próprio coração.

Porque, o que a voz não diz, o olhar nega, e o que aqueles dedinhos que insistem em bater na mesa para revelar toda e qualquer coisa, conseguirem revelar o que estiver guardado, o coração se abre e apronta um escândalo.

Aí você chora, você entra em crise, e se torna a mal amada mais mal amada de todas aquelas fofoqueiras encalhadas, que insistem em cuidar da sua vida, já que a delas é um tanto monótona.

Aí você sente a solidão, misturada com a noite que por mais fenomenal que tenha sido, acabou. Sim, acabou e agora você já não sente a pele, o cheiro, o calor...

O que resta são apenas lembranças do abraço aconchegante, das horas em que os corpos estavam em tão perfeita sintonia, que o pulsar, a respiração ofegante.. a dança dos corpos, com seus movimentos e olhares, tudo parecia ensaiado.

Se é que se pode colocar dessa forma, parecia que nossos corpos- ainda que em outros corpos, mas com certeza naquelas almas - talvez em outras vidas, ja teriam se encontrado. Sim, eu acredito na possibilidade de nossas almas ja terem se encontrado por aí, entre uma vida e outra.

E todo esse conjunto, essa mistura de sentimentos, e até mesmo, da falta deles, é o que nos leva a refletir e chegar a uma conclusão tão medíocre e pequena, que, de certa forma nos envergonha.

Todas as promessas, os sussurros enlouquecedores, a garantia do “depois”, não passam de frases decoradas, prontas pra fazer sua cabeça, ganhar seu coração e o que mais eles quiserem.

As noites com ele, não passam, hoje, e dificilmente passarão algum dia, do que se chama de prazer mútuo e instantâneo.

Toda essa magia, esse mundo criado na nossa fantasia, acaba ali. Dentro de nós.

É que por um erro matemático qualquer, eles não se apaixonam. Invejável não?

Pra eles, tudo não passa de algumas horas de diversão, que acaba ao nascer e recomeça sempre que o Sol se põe. É assim que funciona, tudo sucessiva e repetitivamente fácil.

E a cada dia raiado, há mais alguém despertando, e sentindo o quão amargo e medíocre é o gosto do “dia seguinte”.

Natália Gonçalves e Adriana Moraes
Enviado por Natália Gonçalves e Adriana Moraes em 12/07/2010
Reeditado em 12/07/2010
Código do texto: T2373922