O QUE FICOU DA INFÂNCIA....
Andar descalça pelas ruas de terra batida, e sentir a maciez sob os pés, fazendo cocegas.
Brincar de passa anel, e sair vitoriosa da brincadeira, com aquele anel de pedra de vidro, que vinha de brinde no doce vendido no único armazém da Vila.
Pular corda ate a exaustão. Ufa! E cair como uma batata, quando as pernas nao aguentavam mais.
Comer goiaba do pé, sem importar se tinha um bicho ou outro, afinal ela era tão docinha, tão vermelha, quem se incomodava com o bicho?
Esperar pelas festas juninas.
E o encantamento ao ver a fogueira enorme com chamas altas e rubras.
Brincar a sua volta ate cansar, e depois ir dormir com medo de molhar a cama.
Os mais velhos avisavam: criança que com fogo brinca, a noite a cama rega.
Ir a beira do rio, e com uma varinha desenhar por sobre as águas, e brincar com as palavras, que desde então já eram encantadas.
De manhã muito cedo, ouvir o apito da Fábrica de papel, avisando a toda vila que era hora do trabalho começar.
No final do dia o mesmo apito, agora lembrando que era hora, do operario para casa retornar.
Fazer bolinho de barro, e enfeitar com as flores do jardim.
E comemorar com ele o aniversário das bonecas.
Brincar na balança do quintal, e tentar sem esmorecer alcançar o céu, com a ponta dos pés.
Guardar segredo do cigarro de palha de milho, que os primos, faziam vez ou outra no fundo do quintal.
Subir no abacateiro, carregando amarrado na cintura, um pacotinho com açucar e uma colher.
Apanhar um fruto maduro, adoçar e comer, sentada em um galho apreciando toda vista.
Ir até a cascatinha, e com a concha das mãos beber água fresca e limpinha.
Catar amoras vermelhas e docinhas, pelos caminhos de terra na Vila encantada.
O que mais ficou.......
A certeza que a felicidade real, mora na vida simples.
E no amor que se pode compartilhar.