E dizer dizendo...

Ela sentada, pés no sofá, controle remoto da TV na mão, o esposo sentado a sua frente apenas olha, responde perguntas e se submete. A dona da casa, o controle está em suas mãos. A dona da sala. O meu banheiro tem que ser como eu quero! Não sei se, se maquia ao acordar ou se dorme maquiada, sei que uma espécie de máscara desenhada em seu rosto, só quer agredir. Fala alto, como se todos estivessem surdos, ou talvez ela não consiga ouvir sua própria voz. A música segue meu roteiro e diz, “E quando vejo, a vida espera mais de mim mais além, mais de mim. O eterno aprendizado é o próprio fim, já nem sei se tem fim”. Sempre muito ocupada, nunca tem tempo para ouvir, e quando se obriga, a tarefa, o enfado é notório em seu rosto. Vejo-a sempre, aliás, nos conhecemos há muito tempo, pensava eu, que de uns tempos pra cá, já não posso afirmar nada, a não ser que só ouve Jorge Vercilo, que se cantasse em sua direção, diria por mim que “Ela está em todas as coisas até no vazio que me dá quando vejo a tarde cair e ela não está”. E não está mesmo, embora sua presença desminta o sentido maior do verso.

stelamaris

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Enviado por stelamaris em 11/07/2010
Código do texto: T2371706
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