PARA TODOS SENDO PARA UM FINDA PARA NINGUEM
Desculpe o barulho deste pendulo de relógio nessa sala vazia oca com apenas este relógio com pendulo tocando o mesmo som compassado triste pungido solitário no oco dessa sala vazia.
Sem mais nem menos sem flexo nexo reflexos apenas batidas na luz que foge pelo alto do teto voltando sempre pelo chão subindo novamente e ao ritmo do pendulo do único relógio dessa sala vazia.
Desculpe não posso parar o pendulo deste relógio no fundo dessa sala vazia aceite minhas desculpas sem graça sem jeito na poeira destes dias secos mofados plantados sem movimento tormentos assentos espero que pare sozinho logo que se canse da inútil batida solitária deste pendulo oco uníssono pungente com a poeira e o vento rangente.
Lá fora tem gente tem vida tem morte poeta sem mote canseira lezeira de vida e de luta e de morte no deserto no mar no oceano perdido de um rio curto caudaloso continuo de ondas frementes como veias pulsantes.
Respiro aspiro transpiro suando lutando apanhando batendo vivendo morrendo aos poucos tão louco como todos quase todos imitando repetindo diferente parecido desigual anexo sem nexo complexo sozinho subindo o morro correndo pulando seguindo a vereda perseguindo o caminho fugindo do ninho voltando não pelo mesmo caminho para o seio o ninho da onde não devia ter saído esperado morrido havido acontecido de caso pensado de fato consumado de parto precipitado natimorto abortado filho bastardo perseguido mal amado por fim conformado.
Desculpe o barulho deste pendulo de relógio nessa sala vazia a goteira que pinga numa bacia embaixo do lustre embuste de casa vazia velha isolada no morro depois do uivo do cachorro na lua cheia nas nuvens de cara feia na morte da falta de sorte do corte no pulso do fluxo do impulso do filho do aborto inconformado consumado pré-negado.
Rodney Aragão.