Meu Desatino
Meu Desatino
Há coisas que a gente não precisa ficar sabendo. Não assim, em minúcias e com o veneno a escorrer pelo canto da boca de quem as conta... Que inferno! De novo tudo o que eu quero é desaparecer dessa face! Até onde irá Medusa, outrora encantadora, com tamanha astúcia? Néscia infeliz! É mais digna de pena, pois, como qualquer outro animal peçonhento apenas cumpre o que a natureza lhe determina. Dotada também de aridez de alma, pode acabar por sorver tudo o que ainda há de cristalino na Água: sua dignidade e fluidez, sua sensatez com firmeza, sua virilidade e encantamento; enfim tudo o que de bom tem a feiticeira Água... até que ao deixar de ser humana, se torne tão suja quanto ou então que venha a secar – o que seria ordinário demais pra uma coisa ou outra, tanto faz - essa Água não existe sem seus principais atributos, mas a mentira, que estava até agora excluída, surgiu do nada... por quê?!
Converso comigo e chego à conclusão de que nada tenho a fazer, senão me manter a uma distância segura e a tudo assistir sem me machucar, afinal, o que tenho eu a ver com tudo isso? Que coisa idiota eu viver de me maltratar! Já não aprendi que sou eu quem decide se a atitude do outro vai me ferir ou não? Quanta permissividade a minha! Meu amanhã depende das minhas escolhas de hoje... mas, qual é a escolha que faço nesse momento? Preciso cuidar melhor de mim e extrair lições das coisas que me acontecem - pra que tudo não seja em vão. Dessa forma, não há porque me alimentar de tamanha ira. Preciso urgentemente arrancar o que de ruim veio pra dentro! Isso não pode fazer parte do alicerce da minha existência... não pode! E esse alicerce, rico ou pobre, depende exclusivamente de mim! Não posso despejar pro outro uma carga que é minha! Será que não aprendi nada em todos esses anos da minha vida? Onde me levará tamanha mesquinhez? A caminhar desse jeito logo estarei na terra seca com a peçonhenta e terra seca também serei - e olha que considerando que ser grama é uma evolução, terei cometido um pecado imensurável para o meu crescimento espiritual! Nem grama...!
Que merda! Será que terei de voltar pra consertar isso? Ah maldição! A culpa é desse laço que não desata!
É só um laço, Senhor! Faz alguma coisa... fica aí de todo poderoso só olhando... assim até eu fico de toda poderosa! Nossa, que blasfêmia! Também, se tiver que voltar pra consertar aquilo tudo lá de cima, o negócio vai ser aproveitar a viagem e consertar tudo junto, não é? E se não tiver volta... humm... vou levar uma tremenda bronca não só por ter ficado tão brava com algo tão sem importância, banal, irrisório, reles, insignificante, secundário... mas também pela blasfêmia. É coisa de besta humana mesmo...e eu me odeio!
Só por hoje.
São José dos Campos, 11 de julho de 2010