Cansaço...

Cansa-me desconfiar do mundo o tempo todo.

Mas, se não proceder assim, impossível será a sobrevivência

em todo esse lodo.

São risos pra todo lado, piadinhas, uma alegria fingida;

Uma “irmandade” nunca antes assistida.

É preciso entrar no jogo, e fingir-se de surdo algumas vezes.

Queria eu ser moradora do outro mundo.

Cansa-me tanta farsa, tanta brincadeira sem graça,

Tanto palhaço fingido, se disfarçando na praça.

Cansa-me fingir alegria, quando não a sinto.

Cansa-me a mentira o tempo todo.

A realidade nos consome e nem parece que temos tanta energia.

Alguns dias não percebemos em nós a mesma alegria.

Um desconforto, uma insatisfação, um sentir-se só em um mundo

De seres contrários a sua essência - ou seriam eles tão semelhantes

que não conseguimos suportar nos enxergar refletidos?

Faltam-me expressões para detalhar as cintilantes correntes

Que me prendem e me fazem um ser tão tolo.

Minha ingenuidade* me cansa.

Então me calo, duvidando de mim, e ponho na face como proteção

uma máscara de monstro e na garganta uma lança.

*O que mais me intriga é que, mesmo os conhecendo pouco e, também por isso, tendo que duvidar deles o tempo todo, gosto tanto de alguns que muitas vezes não me compreendo. Ingenuidade ou burrice?

nouvellelune
Enviado por nouvellelune em 10/07/2010
Reeditado em 10/07/2010
Código do texto: T2369164
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