Pra me visitar
Saio de casa às sete da manhã, já atrasada.
Caminho em silêncio comigo, nem pensamentos cochicham em mim.
Paro no ponto de ônibus vazio, espero. Vem ônibus, dou sinal, entro, falo: bom dia! Só. Sento - coisa rara. Observo a cidade passando por mim.
A serra ao longe, que não sei ao certo qual, me observa também, tão silenciosa quanto eu.
A cidade me leva pra lá, pra algum lugar, qualquer lugar que não sei bem dizer. Apenas vou.
Árvores barulhentas chamam minha atenção. Viajo. Vou longe, como quem alça voo num tapete mágico, de flores, sim, flores!
Abandono minhas preocupações - na verdade, faz tempo que não as tenho.
Tudo fica pra trás... a cidade passou rápido demais, nem vi; a hora passou e me perdi; passei do ponto, não trabalhei, esqueci. Devaneei tanto e tanto tempo que sai de mim.
Envolvi meus dias de um felicidade que ainda não percebia e sorri.
Levanto ainda silenciosa, dou o sinal. Desço.
Onde eu estou não sei. Ando. Sento. Penso e, no fim, em nada penso.
Não há tristeza. Não há preocupação. Não há dor, nem solidão (estar sozinha não significa ser só, certo? - pensei por um momento).
Vou ficar aqui por um tempo, está tudo tão quieto... no mundo, em mim. Meu mundo é silencioso, calmo e eu vago nessa paz interior.