Estátua

Nunca terminei, na verdade, comecei errado

Amei tua vida como amei a minha

Achei-me no jardim acompanhado

Mas, fui de fato, a pessoa mais sozinha!

Empoeirado dos pés a cabeça

Pareço uma coisa, corpo sem vida

Com pombas a alimentar-se do meu silêncio

A limpar os meus ombros das sujeiras

Que o tempo acumulou

Ninguém me escreveu! Nem colocou recados

Aos pés desta pedra, mal lapidada

Como uma obra mal feita: esboço de nada...

A mim só acaricia o sol

Ou talvez uma parte de sua luz

Sou estrela quase solitária

A que a si, estátua, se conduz.

Sim, bonito, inteligente, educado

E a parte dos sentimentos?

A certeza da razão, dentro é golpeada?

Ou fico a assistir os pombos..