MÃE TENHO FOME

Não são palavras ditas ao acaso. É a realidade nua e crua dos tempos conturbados,sem sentido, que vivemos.

É o pai sem trabalho.É a saude que definha dias após dia.É o morrer da esperança daqueles que da esperança nada mais esperam.

É o pai que moureja dia a dia,e chega ao fim de mãos vazias. Já não tem o fulgor e a força dos anos da juventude, se alguma vez juventude,(meninice)teve.

É ver fecharem-se as portas, aquelas mesmas portas que

antes se abriam quando os anos ainda não pesavam, e agora se fecham naquele rosto coberto de rugas por onde as lágrimas escorrem.

É a esperança daqueles que deixaram de acreditar.É a esperança dos desesperados.

É o desespero do pai que chega, já noite, de mãos vazias, e antes de entrar na mísera cabana, o lume quasi extinto alumiando dois seres,fantasmas vivos, a mãe com o filho ao colo,chorando pedia.Mãe tenho fome! É o pai que não entra fica sentado,olhar perdido no universo estrelado,sem fim,aonde mora aquele em que sempre acreditou, e que apesar de tudo ainda acredita.

É o mesmo pai que ,passados dias, partindo rumo ao desconhecido levando na alma despedaçada um pedido,uma suplica.E pede,não para ele mas para todas as creanças deste mundo.

DEUS ÓH DEUS QUE NAQUELE MUNDO DONDE VENHO NÃO MAIS SE OIÇA

MÃE TENHO FOME.

Quo Vadis
Enviado por Quo Vadis em 05/07/2010
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