Numa tentativa de medição
Não, não é de tristeza comum que tenho falado. Não é da natureza morta que vemos e vivemos todos os dias. É a mornidão (se é que a palavra existe) com que os fenômenos nos passam, nos são tirados. Ou melhor, nos são arrancados dos braços como o filho que nos roubam à força. É de uma tristeza que consome; que produz lágrimas incessantemente sem que você saiba de onde vêem.
É o impedimento de um projeto seu se realizar. É dessa tristeza que falo. É o empecilho que se posta diante dos seus olhos (e das suas ações) e que te tiram o Norte, o rumo de tudo. É a desilusão que chega sem temer, pois ela sabe que será soberana, mais cedo ou mais tarde.
Um dia se aprende, a duras penas, que nem tudo é como você gostaria. E como a vida mostra isso bem, com clareza. Não há maneira de ser entendida de outra forma que não pela que se mostra à sua consciência. Sem existirem saídas, sem se poder fazer nada no sentido de modificar tal realidade. Sem ser somente dependente de um contingente totalmente de sua responsabilidade. Não. Há outros “seres - no – mundo”, como Sartre bem nos fala, que interferem (e muito) na sua realidade existente. Ou seja, as frustrações acontecem em conjunto. Somos parte de uma totalidade que sofre junta, só não sabe que partilha desse sofrimento.
Como resultado sofremos sós, a princípio. Sofremos com os projetos mal dados, com as intenções mal entendidas, com os diálogos mal estabelecidos. Sofrimento que nos perseguem. E esse é o problema. Pois, se hoje algo lhe dói, amanhã pode vir uma avalanche maior ainda. E você vai entender que a anterior chegou somente para te treinar, para te “amolecer” a carne e a alma. No fim das contas, você entende. Doído, mas passa. É a esperança que nos mantém vivos.