BRISA E A DECEPÇÃO

Brisa é muito observadora e sensível e ao ver-me triste, imediatamente abraçou-me e quis saber o motivo de minha tristeza. Expliquei a ela que havia perdido um amigo querido, que me decepcionara do forma muito cruel. Um amigo a quem eu havia aberto as portas da minha vida e o deixado entrar, assim, despreocupadamente, entregando-lhe uma amizade sincera, verdadeira e quando menos esperava, ele revelou-se exatamente o oposto. Ela perguntou-me se ele havia morrido, e eu lhe disse que de certo sim, que o amigo que chegou em nossa vida com sorriso largo, nos presenteando com ternura e passando a fazer parte da nossa vida, de certo modo, havia morrido para nós. Sem querer causar-lhe mais sofrimento e falar de assuntos incompreensíveis para ela, calei-me e fiquei pensando sobre o ocorrido. Com certeza a dor que senti era mais a dor de ter perdido o amigo, a pessoa a quem eu julgava sincera, aquela pessoa que eu conhecera e, via agora, não existia, era fruto de uma mentira. Não sou Deus, não posso julgar ninguém, e tenho por princípio não guardar mágoas de quem quer que seja, mas espero que este alguém, que mantém uma imagem totalmente diferente de quem realmente é, tenha uma crise de consciência e pare de agir como agiu comigo e continua a fazê-lo com outras pessoas. E embora saiba que só acreditamos naquilo que queremos acreditar, sempre esperamos receber respeito e carinho quando nos doamos numa relação de amizade ou seja lá o que for. Brisa, muito preocupada, perguntou-me se teríamos que devolver os "carinhos" que recebemos, eu disse a ela que não, pois aqueles carinhos haviam sido dados por alguém que naquele momento tinhamos como nosso amigo e como esta pessoa hoje é totalmente desconhecida para nós, o melhor era esquecer, e guardar apenas aquelas lembranças. Mais um momento doloroso na nossa vida, mas também de aprendizado, pois a vida, mesmo quando se apresenta de modo cruel, nos ensina, sempre.

Helena Grecco

02.07.2010