Simples e doce amor

Momentos vivenciados e por vivenciar.

Dançar no meio da estrada, a parar o trânsito, a correr ao redor dos chafarizes como duas crianças inocentes e contentes.

Atirar os sapatos ao ar e correr descalços com as mãos dadas, pelo asfalto quente, a incendiar-nos os pés. Fotografá-los ao chegar a casa, negros, e sorrir, sorrir, rir como se fosse o último minuto e o último momento e o derradeiro sorriso a deixar-nos pelo coração.

Compartilhar balas. Dividi-las na boca, como se necessitássemos de uma justificativa para aquele beijo que há muito desejávamos.

Rebolar no chão do quarto enquanto conversamos ao celular. O conforto não está na cama nem na almofada, nem nas cobertas quentinhas que esquentam o corpo gelado - está na voz do outro lado, nas palavras ditas com o tom diferente que somente utilizamos um com o outro.

Berrar aos astros o nosso amor. Abraçar-nos na grama, à janela, ao pé do mar, da lua, enroscados na areia quente do final de uma tarde de verão. De modo simples, abraçar-nos e sentir que o mundo ficou menor, mais comprimido e ao mesmo tempo mais livre. Sentir que o universo é somente nosso.

Passar noites e dias sentados ao parapeito e saber que a única dependência que interessa e sabe bem é o amor.

Rir. Sorrir muito e sorrir para tudo, sorrir para os vocábulos e para a falta delas. Reconhecer um silêncio mágico, uma química divergente, uma atração impulsiva e intensa e tudo o que os nossos corpos desejarem.

Amar. Amar na cama e no solo e naquela via pública com cheiro a roupa lavada de uma aldeia pequenina onde todos se conhecem e ninguém nos tem possibilidade de enxergar. Amar abaixo dos lençóis, acima, à janela ou na varanda, com música alta e um prazo para entregar os documentos que ainda permanecem acima da mesa, desde a semana retrasada.

Cantarolar. Passear nus pela casa, ver as fotografias antigas, Falar sobre as vestes que usávamos quando crianças, que eram excessivamente vivas e o cabelo demasiado incomum para a época. Sorrir mais e mais.

E no fim do dia, mesmo que não queiramos que termine, mesmo que falte bastante para viver, teremos conhecimento de que é um sentimento que durará eternamente. Um sentimento só nosso, uma paixão iniciada pela lascívia e pelo prazer e que se fez muito mais que isso. Fez-se amor.

Simples e doce amor.

Tatiane Gorska
Enviado por Tatiane Gorska em 30/06/2010
Código do texto: T2349888
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