louco
LOUCO
De: Wagner Criso
Tarde quente, e abafada do mês de outubro de um ano indiferente.
Em o que importa é o prazer sexual adquirido mesmo que solitariamente.
Barulhos contínuos e causadores de ódio, incomodam ouvidos e bocas silenciosas.
Uma voz nordestina diferente do sotaque falado por ali é estridente. Mas não chega a incomodar!
O que incomoda é o calor infernal e uma música brega qualquer que a descendente do lindo e sofrido nordeste, no andar de baixo insiste em ouvir.
O tabaco vicioso e necessário há horas acabou. Sem ter como comprar o que resta é esperar a desestimulante dor de cabeça agressiva passar.
Planos, sorrisos, certezas e sonhos não existem mais!
A certeza de que a solidão não mata, mas castiga. E que teimosamente insiste em acompanhar a vida e a mente cefálica cinzenta de quem cria, é o que resta!
O silêncio agora perturbado pelo bater da marreta de ferro operada por uma mão pesada no concreto armado já não mais incomoda tanto assim.
Não dá mais pra esperar deitado. Os músculos atrofiados pela falta de movimento contínuo, imploram pelo suor desgastante. As pernas querem correr depressa, mesmo que seja para lugar algum.
Mas a devastadora, humilhante e vergonhosa depressão é desgraçadamente soberana.
É uma cigana que sensualmente dança descalça sobre a base branca da fibra de celulose.
É uma praga de um lugar desconhecido, sem um inseticida eficaz para combatê-la.
É como uma estrela cadente em fogo alto, que foi expulsa do céu estrelado e em penumbra.
É uma chuva tempestuosa, ácida que refresca cabeças de unicórnios alvos. Ou simplesmente um momento de loucura indefinida e extrema. Ou quem sabe um gozo
Explosivo e prazeroso de um membro enorme e grosso que força o gozo solitário.
Ou mesmo um momento de lucidez breve desse louco que vos escreve e que não passa simplesmente de mais um louco!