BIPOLARIDADE

Designei esse texto como pensamento pois não sabia de que outra forma poderia encaixá-lo. Talvez uma carta... não... uma biografia do pensamento, ah, agora sim, isto serve melhor. Biografia do pensamento! Foi o melhor nome que arrumei para desabafo do desespero, fica mais bonito ao menos.

Como escritora, e principalmente poetisa, gosto dos textos fortes, gritantes, muito ambíguos. Textos que sangram, que escancaram a alma, na hiláriante agonia do ser que se debate entre ímpetos de luxúria que se sente pela morte.

Parece desesperador sentir-se assim não é! De fato deveria ser. O problema é que nunca me senti satisfeita em saber-me totalmente feliz. Fiz tantas porcarias com minha vida, me proporcionei tantos sofrimentos, por nunca estar satisfeita com a felicidade. Pelo menos não a felicidade pura e simples das coisas boas, mas a unica coisa que sempre me deixou feliz foi a loucura dos vicios. Manias.

Quando tudo desmoronava, ou quando tudo estava bom e calmo demais, a depressão me inundava de uma maneira avassaladora. Amor e terror pela morte. Passo a vida a persegui-la, sabendo claramente que não a quero encontrar.

O que sempre me deu satisfação foi andar ao lado dela, numa vida repleta de vicios. Nas minhas crises de depressão, sofria explosões de felicidades passageiras, buscando desesperadamente as coisas que me faziam feliz, como bares, onde eu podia encontrar bebidas e sexo; coisas que "consumia" exessivamente e despreoculpadamente.

E mesmo me recriminando pelos meus constantes erros, por sempre estar me arrependendo das mesmas coisas, por sempre sofrer pelos mesmos motivos, tinha um orgulho particular da minha personalidade forte, inconsequente, que sempre me fez auto-sufiente e diferente, sendo que no fundo sempre estava tão carente.

Eu achava que eu era daquela forma; boemia, louca, livre. Meus defeitos apenas me envergonhavam porque eu fazia pessoas que amo (que nem podem mais acreditar no meu amor) sofrer. No mais, eu me orgulhava de todos eles.

Aprendi a me apaixonar demais rapidamente, e deixar de gostar mais rapidamente ainda. Passei, a cada vez mais, me interessar pelo impossivel e desprezar o seguro. Traços da minha personalidade forte, pensava eu.

Mas agora, depois de mais uma vez destruir minha vida, com o nivel de sanidade cada vez mais baixo, descubro que a pessoa que eu sempre amei e odiei nunca fui eu! Descubro derrepente que eu não me conheço, eu não sei quem sou, pois não sou dona de uma personalidade, e sim de uma doença!

Já não chamam mais de maníaco-depressão, embora esse nome combine mais comigo, mas sim, transtorno bipolar. E como é que fica minha mente sabendo que sou uma pessoa doente em vez de uma simples garota rebelde.

O caso é que apresento sinais de bipolaridade há muitos anos. Ninguém nunca notou. Eu sempre soube que minha sanidade mental nunca foi 100%, mas sempre levei na brincadeira, e agora, já estou a tal nivel perturbada, que sei que preciso me tratar, pois minha vida seria totalmente melhor se eu fosse uma pessoa saudável, mas ao mesmo tempo, tenho medo de deixar de ser quem eu sou, de perder meus gostos e tudo em mim que aprendi a amar tanto.

Pra mim, amor e ódio são quase a mesma coisa, estão sempre lado a lado. Eu não sei o que é o meio termo entre os dois sentimentos, mas sei perfeitamente o que é amar e odiar a mesma coisa, ao mesmo tempo.

Quero me curar, mas não quero me perder de mim. Acostumei-me à minha dualidade, e não consigo me ver sem ela. Não sou uma pessoa ruim, mas tenho medo de ser uma boa pessoa.