Cante Mesmo Sem Saber Dançar
“Que beleza, é o som da natureza”. Liberto me da vazia rotina diária. Um desapego ao sistema da monotonia. Sinto-me linda por dentro, as canções que mais emocionam, eu canto. Todos os dias, religiosamente. De Dalva de Oliveira às divas da atualidade. De Robert Johnson à Tim Maia. Etta James, Elis Regina, todas as meninas das vozes. Canto minha língua nativa de som e ginga. Canto letras fáceis, que me identifico ou decorei sem querer. E no trabalho? Ah, eu canto! Nem que seja baixinho pelo canto. Não deixo ninguém por um pano na minha boca! Musico até o que eu não sei. Há improvisação entre colegas do escritório, gente pentelha e figuras ligeiras. Perguntam de maneira bem gozada se eu bebi. Rio. Perco tempo só na letra. Melodia gringa, eu embolo e extrapolo nos erros. Rio comigo mesma. Canções de época, da minha época, clássicos do funk e jeito de punk. É bom demais.
Triste? Hurt de Johnny Cash. Alegre? O Que é, O Que é? de Gonzaguinha. Fascinante? Fascinação de Elis Regina. Angustiante? O Mundo é Um Moinho de Cartola. Forte? 1º de Julho de Cássia Eller. Que me faz delirar? People Get Ready de Jeff Beck e Rod Stewart. Que me lembra paixões? Crazy de Aerosmith. Que me faz admirar? Bette Davis Eyes de Kim Carnes. Excitar? Glory Box de Portishead. Que me faz sonhar? Blue Velvet de Bobby Vinton. Que me faz chorar? Fool That I am de Etta James. Que me faz rir? Uma Arlinda Mulher de Mamonas Assassinas. Que me faz amar? Primavera de Tim Maia. Dançar? He’s A Dream de Shandi. Cantar? Se não fosse pela música, eu seria muda.