OS INERTES NÃO PROVARÃO
Os inertes não provarão...
Não provarão a alegria de estar juntos aos nossos iguais
Lutadores contra os desmandos e arrogância lá de cima.
Não provarão do prazer de se conhecer tantas outras pessoas
Que se sonham com dias melhores, encontram na praça
A comunhão dos mesmos sonhos, e como disse o mestre Raul
Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só
Mas sonho que se sonha junto é realidade
E a realidade dia a dia vista no terreno público
Não permitirá aos inertes e complacentes dos aviltadores encastelados
Compartilhar da companhia dos nossos companheiros
Então, por estes inertes eu lamento
Lamento a cegueira que se permite em troca de algumas moedas
Lamento pela falsa pretensão que deles têm algum respeito
Lamento pela servidão que se submete e torna-se igualmente vil
Lamento por se atribuir certo status, quando o único que lhe cabe é o de bajulador
Os inertes não provarão...
O sabor da vida
Porque ao se renderem
Destruíram seu caráter, se um dia o teve...
E quando já não tem mais nada o que negociar
Nada mais lhe resta, pois, ao espelho com a face desfigurada
Qual aquele que por vil metal entregou-se aos caprichos hedonistas
Tem a sua frente um inerte e obtuso ser
E já não é mais nada
E o espelho, testemunha daquela horrenda cena
Apenas reflete o definhar do que um dia sorriu, vibrou e viveu.