É tudo asneiras

Deus disse: “Não roubarás”

E os seus devotos fazem isso com tanta naturalidade

Que chegam a honrar com braço e palavras de ferro

O altar que sobem aos dias de culto e oração. Os seus

Malfeitores burlam vinte e quatro horas por dia

Essa ordem suprema de não cometer o ato dito pecado.

Deus disse: “Não matarás”

E, no entanto a regra da sobrevivência e do equilíbrio

do planeta diz o contrario “Mate se quiser viver”

e os matadores de plantão matam

Por nada, matam em nome do próprio Deus, matam vestidos

Com a túnica dita sagrada, matam da forma mais brutal

Existente. Os homens em nome de Deus deixam nas

Encruzilhadas, na urbanização, nas águas fétidas do rio,

Nos bares, nas ruas, nas próprias casas, nos morros

Em qualquer lugar um cadáver sem preocupação por

Está cometendo um pecado dito brutal.

Deus disse: “Não falaras mal de ninguém”

Aquele que nunca falou mal de alguém pelas costas que atire

A primeira pedra. Não a um ser na face da terra que seja totalmente

Justo, se houver que se manifeste com a habilidade teatral de

Encenar. Aquele do ambiente de trabalho, ambiente diário exaustivo

Aquele do vizinho ao lado que é sempre chato, aquele do amigo

Que o trocou por outro sem mais nem menos, aquele que foi traído

E aquele que diariamente é humano e comete o ato dito pecado.

Deus disse: “Não mentirás”

Esse é o pecado consumido no prato diário, virou rotina, profissão

Virou vicio mentir. E é sem duvida alguma que a maioria das mentiras

As mais frajutas estão no altar sagrado e como se mente nesses moquifos

De dízimos e orações, nesses antros de porcarias, nesses poços de arrecadação do capitalismo descendente dos caminhos sujos, nessas vielas imundas de pregações inventadas, planejadas, invertebradas. São nesses antros em que se cometem os atos ditos pecados.

Deus disse: “Não cobiçarás”

E nada é mais cobiçado que a mulher do próximo, a riqueza do próximo,

A saúde do próximo, a felicidade do próximo, a sabedoria do próximo,

A filha do próximo, tudo do próximo é cobiçado sem sistema de culpa,

Sem manifesto de renegação é natural olhar e desejar a mulher do próximo

Principalmente aquela com um corpo que ultrapassa os limites da

Arquitetura perfeita. É de olho grande no que pertence ao próximo

Que se comete o ato dito pecado.

Deus disse: Acho que chega, ele já disse muita asneira, existe um livro repleto de suas palavras de mestre, reis dos reis e nada foi

Seguido, para um ser tão importante e mais aclamado no mundo inteiro

Está muito sem força de aceitação quanto as suas ordenações. Peço mais

Uma vez que jogue a primeira pedra aquele obediente a fundo aos tais mandamentos ditos sagrados.

Extemporâneo
Enviado por Extemporâneo em 16/06/2010
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