Ahhh, eu queria saber o que fazer com você, Coração!
Eu já tô cansada de sempre me repetir a mesma coisa. Que tudo vai dar certo. Que as coisas que me acontecem tem um propósito. Que mais lá na frente eu vou entender porque tanta tristeza, de repente. Que eu tenho que tentar conviver com tudo isso, e tentar viver um dia após o outro. Que as minhas decepções são minha culpa, que deposito nos outros as minhas próprias esperanças. Que é muito bom sonhar, muito bom mesmo, mas que a vida é aqui. Que a vida é esse emaranhado confuso cheio de sentimentos e incertezas.
Sei lá.
É que nossos sentimentos nem são só nossos, né? Eu devia acreditar naquela coisa que dizem, que a felicidade da gente depende só da gente. Mas eu não acredito. Não é à toa que os outros existem. E eu não me acostumo com isso tudo.
Sei não, mas Esperança... Meu coração tá fechando. Tô tão calejada que nunca mais me renovei por inteiro. As punhaladas já não doem tanto, entende? Acho que fui guardando dor sobre dor, e tô sempre esperando a próxima dor chegar. Não dói tanto. Eu nem sei mais chorar. E eu tenho saudade do tempo em que eu me acabaava em lágrimas, porque eu me renovava. Eu me transformava. Eu lavava a alma, e tirava toda aquela sobra de mim. Sobra do que não me fazia bem. Eu não tenho nem com quem conversar. É o meu mundinho aqui que me lê.
Eu sinto falta da minha amiga. Mas ela nem existe mais. Tem outras coisas pra viver, outras coisas pra pensar, outras prioridades. E eu nunca fui prioridade na vida de ninguém. E eu nunca mais consegui acreditar em ninguém.
Pequenos atos decepcionam. Mas, de novo, a culpa é só minha. E eu preciso aprender a lidar com os meus demônios.
Sei lá. Só desabafos. E isso não precisa ter sentido. Não foi feito pra ter sentido