Cortinas

Talvez eu deixe uma carta embaixo do travesseiro, ou simplesmente por cima do meu corpo.

De um lado para o outro meus pés descalços percorrem os corredores escuros de minha casa, aqui nesse canto frio sentarei e em frente a esta janela estão as imagens que claream meus pensamentos, são cenas de acontecimentos, e o seu sorriso está em uma delas, minhas mãos na cabeça e os dedos penetrando meus cabelos caio aqui ajoelhado, a lembrança do seu beijo me escurece a mente, é então que na parede encosto e me assento com os cotovelos apoiados em meus joelhos, aqui vejo cair no chão gotas de algumas lágrimas.

Neste mesmo canto que hoje choro, tu esteve comigo me envolvendo em um abraço, o tempo paralizava e o mundo era só nosso.

Amargo é o gosto da solidão e frio é o vento que bate no meu rosto coberto de lágrimas.

Lá fora só vejo uma vaga sombra da lua, hoje ela não apareceu... Estaria chorando e se escondendo por detrás destas densas núvens como me escondo por detras destas cortinas?

Beatriz Uyara
Enviado por Beatriz Uyara em 13/06/2010
Código do texto: T2316859