Marasmo

Em certos momentos você simplesmente coloca sua vida em automático, a deixa rodar livremente, você tem o controle nas mãos, mas você não evita os buracos, nem pára para as pessoas que gritam por você, sequer nota os sinais te avisando do perigo a frente, simplesmente continua sem olhar para os lados.

Está entorpecido pelo doce marasmo da rotina, em alguns momentos não há distinção do que é bom ou ruim para você, é tudo parte do cotidiano, você não saboreia o café recém-passado nem liga se alguém lhe insulta, é tudo planejado, previsível.

Tudo corre naturalmente, o tempo flui seu caminho tortuoso sem se preocupar se você está ou não notando sua passagem. Você não se sente em paz nem aflito o suficiente para tomar qualquer atitude.

Tudo segue nessa calma indecisão, mas não se pode deixar algo rodar livremente e esperar que nada venha a lhe suceder...

Você já sabe que vai acontecer, você já imaginou tudo, mas... Quando acontece é como um baque seco, um tapa na cara, você acorda no meio da madrugada suando frio tentando se lembrar do ultimo pesadelo que teve para não ter que se lembrar da sua vida.

Hora de tirar do automático, você se pega vagando entre suas lembranças e seu presente, tentando se recordar o que te agradava, o que te motivava, tentando recolher seus pedaços do chão enquanto toma a consciência da sua vida e volta a andar seu próprio caminho, com suas próprias pernas, cantarolando suas músicas favoritas.

O prejuízo é grande...

A lição é maior ainda.

Daniel Bassani
Enviado por Daniel Bassani em 10/06/2010
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