Apenas EU, apenas HUMANO
Sou filho da carne, outrora já fui do sonho, outrora do pesadelo.
Já fui tolo, crédulo, carrasco, santo, enfermo, herói e maldito.
Já me derrubaram, muitas vezes, mas nunca fui vencido.
Sou viciado em desejo, me embebedo com vinho e sexo, devoro o que me dá prazer, mas ainda sinto uma fome insaciável de algo que jamais terei.
Sigo em frente sem olhar para trás, passado é passado, e o que já se foi deve permanecer onde agora está. Sou velho, um velho que ainda assiste a desenhos animados, assiste a filmes pornôs, joga pela net, lê revista em quadrinhos, ri de piadas tolas e chulas e gosta de comer bolo de chocolate no café da manhã.
Ainda sou forte, ainda estou de pé apesar de tudo que já me afligiu...
Sei que não sou mais de fé e que só acredito no que quero acreditar, não sigo ordens, não obedeço às leis e não me importo se estarei vivo amanhã.
Sou imprudente, inconseqüente, estourado, lascivo, imoral, rabugento, faminto, desconfiado... Durmo pouco, vivo pouco, penso muito, transo demais, não acredito em romances, não espero que alguém me ame ou odeie... O mundo lá fora não me interessa a não ser o que interessa a mim.
Gosto de gatos, fico longe de cachorros, evito o calor e a adoro o frio e o cheiro da noite.
Não guardo lembranças de nada e de ninguém, enterro junto com meus esqueletos.
Sou uma criança perdida, um escravo de minha doença, sou uma pequena e sólida parte de quem um dia eu já fui.
Eu não sou livre... Mas irei sempre atrás de minha liberdade e farei tudo o que quero fazer para me sentir assim.
Não sou e nem quero ser perfeito... A perfeição me entedia.
Sou difícil e fácil de lidar ao mesmo tempo, meu sorriso cativa e meu humor afasta.
E se o que eu sou incomoda... Dane-se. Afinal sou apenas... Humano.