Quanto menos temos, mais nos temos...

É difícil de acreditar em algo deste tipo, pode até parecer algum tipo de voto de pobreza ou alguma filosofia anti-consumista, mas no fundo é bem provável que isto seja bem verdadeiro. Vejamos o homem moderno, ele é cercado por emoções, pensamentos e vontades que muitas das vezes não são próprios dele e sim algo que a sociedade lhe condicionou a ter, esta sociedade que devora o homem e a natureza tornando um egoísta e outro escasso, é de se fazer pensar se esta é a melhor maneira de surgirem nossos sentimentos.

Os homens em sua maioria já não têm auto-conhecimento, muitos nunca pararam para pensar, simplesmente por ser incrível o fato de serem capazes de fazer isto, e até mesmo o amor próprio às vezes não é encontrado e colocam no lugar um misto de orgulhos dos mais falsos e fantásticos possíveis, o orgulho de torcer para aquele time, o orgulho de ser de tal religião, o orgulho de ser desta etnia ou de ter nascido naquele lugar, o orgulho de ter conseguido tais bens. Estes orgulhos funcionam como uma esponja dentro do ser, dando a impressão de que estão cheios e fortes, mas sem lhe dar a sustentabilidade e o equilíbrio, além disso, servem simplesmente para separar todos em diversos grupos cheios de repudio entre si, mas em nenhum desses grupos eles enxergam a verdadeira razão desse sentimento, que eles simplesmente aceitam e tomam como parte de sim, que é natural de seu ser e que sendo natural o outro ser não poderia ser diferente.

Ainda há nossas grandes influencias que sempre estarão lá, “nos formando e nos guiando”, algumas que chegam a ser tão agressivas que conseguem nos consumir, nos obrigando a consumir, mas este não é o ponto aqui, mas sim o fato de que isto misturado com este misto de orgulhos nos fazem não termos tempo senão para saciar nossos desejos de consumidores ou nosso ego com nossos orgulhos, nos tornando seres completamente egoístas, que não pensa em nada além do seu quinhão, e que mesmo quando pensa nos outros por trás há um sentimento que lhe diz que aquilo também será bom para ele próprio. Mas nisso tudo há uma grande incoerência, pois afinal como pode alguém ter um amor tão excessivo a si próprio sem ao menos se conhecer direito por não ter tempo para isto.

Por isso é tão fácil dizer que quanto menos temos, mais nos temos, pois se pudéssemos uma vez ficar longe disso tudo e tentar enxergar as coisas não apenas com os nossos olhos, mas sim numa visão mais global de um todo e ver que o outro também pode sentir exatamente o mesmo que você sente porém em relação a algo oposto, e ver que isto não significa devem se odiar, sem haver a necessidade de ter pavor as diferenças, pois são apenas superficiais. Com isto seria bem provável que nos encontremos nesse todo, ou até mesmo sejamos ele, conhecendo melhor a nós mesmos e com isso caindo em uma incoerência mais benéfica, pois estaríamos pensando mais em nós mas deixando de sermos egoístas, vendo que podemos usar todos estas coisas que nos tornam estranhos no espelho, para nosso bem sim mas sem a idéia ilusória de que algumas dessas sejam essenciais.

Daniel Bassani
Enviado por Daniel Bassani em 07/06/2010
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