Se Deus quiser
“Se Deus quiser, um dia eu quero ser índio
Viver pelado, pintado de verde num eterno domingo”
(Rita Lee)
Viver da terra que planto, dividindo com o bando.
Fugir deste mundo doido cheio de roupas e jóias,
De carros e glórias,
Emitindo no ar a podridão daquele verde doentio
Que aprisiona os urbanistas na correria do dia a dia.
Corre pra lá, corre pra cá, e finda sem chegar a algum lugar.
Prefiro está no mato pulando de galho em galho,
Não chego a algum lugar, mas posso visitar o mar
Com suas maravilhas e calmarias,
Que no fim do dia lá está o que preciso:
Apenas as colheitas da terra, minha rede e o carinho de meus companheiros.
Se Deus quiser um dia quero ser índio!
Porque essa demora do feijão e arroz a chegar ao meu prato
Já está dando tontura.
Os remédios tão caros e a febre alucinógena não quer baixar.
Chego no caixa e lá está, tudo zerado
Ligo pro financeiro do meu trabalho, e a resposta:
“Não tem previsão!”
Mas a conta do meu cartão, da água, da luz, da feira, da escola, da faculdade...
Isso sim tem previsão. “E agora José”, o que vou fazer
Estou presa a essa corja de “animais” que fazem tanta falta no fim do mês
E os “animais” do palácio esse voam bem alto.
Se Deus Quiser um dia quero ser índio!
Até quando terei que aturar essa grande confusão?
Talvez possa ser um retrocesso, mas viver com meu bando em grande união
Isso sim me deixará livre do grande vilão. (capitalismo).