Peço-lhes... Vamos ser um pouco mais egocêntricos.

Egocêntrico sim, e no sentido mais puro da palavra, aquele que se refere tudo a si próprio, pois desta forma muitos poderiam entender a si próprios e parar de lamentar os falsos obstáculos que a dura vida os impõe. Pois a maioria não vê que certos problemas que lhes afligem a mente e até mesmo a alma ou o coração para os mais espirituais e sentimentais pode não ser fruto de atos externos, sejam estes de pessoas ou de qualquer outra natureza, e ao invés disso ser de sua própria consciência.

Muitas vezes na vida as pessoas sofrem, sofrem por não ter melhores condições de vida, sofrem por não serem correspondidas em seus relacionamentos, sofrem por serem pressionadas no seu trabalho e na sua casa, e como sofrem, dia após dia lamentando, e às vezes tão fervorosamente quase como se cantasse um hino, e alguns chegam a ponto de lamentarem ser o que são e com isso invejam as vidas dos demais.

E todo este sofrimento poderia ser evitado muitas das vezes se as pessoas se libertassem dos próprios pensamentos, de si próprio, enxergando além do que a situação lhes mostra.

Um bom exemplo é quando nos apaixonamos e ficamos ligeiramente cegos e nos entregamos de braços e peito abertos, e com o tempo tudo o que parecia simplesmente maravilhoso em um determinado ponto, por algum joguete de situações, se torna algo terrível, e a pessoa que antes lhe juraria a vida começa a lhe tratar mal, e “naturalmente” você sofre, e culpa a pessoa por tal sofrimento, afinal foi ela que lhe tratou mal, mas em grande parte das vezes não conseguimos ver além disso, pois afinal se você não tivesse se apaixonado por esta pessoa nada disto teria acontecido, ninguém consegue obrigar a alguém a se apaixonar por outro alguém, e mesmo que consiga lhe persuadir a isso, a culpa não é desta pessoa e sim de si próprio que se deixou ser persuadido, que não teve uma mente razoavelmente forte para resistir a isso.

Outro exemplo é quando se fala referente a estilos de vida, a pessoa tem um estilo de vida simples, modesto, sem luxo algum inveja as pessoas que tem o estilo oposto ao dela, que possui grandes montantes de dinheiro, mas a pessoa não vê que apesar de todas as desigualdades existentes nesta sociedade não se pode culpa-lá pelo seu sofrimento, cabe a ela apenas o encargo de tentar persuadir as pessoas que aquela forma de vida é a melhor que há e por isso todos a cobiçam, e nós vemos exemplos destas tentativas a todo instante, mas não podemos culpar a sociedade se nos deixamos outra vez sermos persuadidos por estas.

No fundo fomos nós que nos auto-adestramos para culpar o outro, pois é bem mais fácil culpar o outro do que culpar a si próprio, é muito mais fácil se reconciliar com alguém que lhe feriu quando este alguém não é você. E se pudéssemos quebrar esse vicio existiria um novo conceito para esta palavra tão mal-vista pela sociedade, que esconde o seu egoísmo, e veríamos que o amor próprio talvez deva existir com um pouco de rancor próprio para nos entendermos melhor e nos mantermos em equilíbrio, por pior que isso possa soar.

Daniel Bassani
Enviado por Daniel Bassani em 30/05/2010
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