Sobre o desejo
Todas as religiões do mundo se colocam contra o desejo. Afinal, porque é ele, o desejo, tão prejudicial. Que mal há em desejar uma mulher, um bom prato, riqueza, poder, nome e fama?
Poe que amar é tão combatido?
Creio que a questão está mal colocada. Amar não é ruim, não pode ser ruim. Comer boa comida é ruim? Trabalhar e amealhar dinheiro é isso pecado? Sonhar com um descanso merecido, numa ilhas paradisíaca, cercado de belas mulheres, que mal há nisso? Ter orgulho de seus filhos? Achar-se melhor que os outros? É tudo isso pecado?
Lembremos de Buda.
.”Por isso deveis disciplinar vossos cinco sentidos, jamais permitindo o surgimento dos cinco desejos. (desejo de se alimentar, de dormir, desejo sexual, de obter fortuna, de conseguir honrarias e fama). Assim como um pastor domina o gado com o seu cajado, não permitindo que os animais invadam plantações, deveis guardar a máxima vigilância”.
Tais cinco desejos são despertados pelos sentidos sem freios. Devemos entender o desejo, não como o ato em si, mas como um fenômeno da imaginação. O desejo de amar, não é o amar. Amar não causa sofrimento, não pode causar, é um ato puro, espontâneo, está de acordo com os ditames da natureza.
O que está sendo questionado é o desejo, o pensar obsessivo sobre o amar, essa doença que queima e suga as energias, e causa sofrimento.
Assim, desejo não é o ato. Desejo é o simbólico, é o abstrato, é algo que substitui o ato em si, e não satisfaz, e provoca dor.
O ato é belo, o ato é puro, o ato dá prazer, o ato prescinde de pensamentos, o ato é como meditar, o tempo não existe, a culpa não está lá.
Eis porque devemos combater o desejo, mas não o amar.