UM SANTO OFICIO

Estou tentando aprender a arte de ser mãe.

As vezes acho que vou indo bem.

Outras nem tanto.

Logo que comecei nesse Santo Oficio, senti que tinha que cuidar, estar atenta, nao tirar os olhos, estar sempre por perto.

Houve dias que me cansei, e pensei: "que canseira, que bom se pudesse congelá-los e descongelá-los, quando eu quisesse. Rs"

Agora, eles cresceram, e já não precisam de tanta atenção, nem do meu olhar atento o tempo todo, nem que eu esteja por perto precisam mais.

Hoje faz um ano, que minha filha casou, pra mim parece que ela ainda é uma menininha, mas ela sempre me diz: "mae, já estou com quase trinta anos"

Eu então, admirada, fico a pensar: meu Deus onde eu estava, que não vi o tempo passar?

Quando foi que ela deixou de pintar as unhas da Pupy, nossa saudosa cachorra, e parou de tentar fazer com que a pobre aprendesse a escrever, colocando um lápis na boca dela, e dizendo: "vai Pupy, se você quiser você consegue".

Parece que foi ontem, que ela me pedia para fazer trança em seus cabelos, para ir para a escola.

E quando foi que ela parou de brincar de casinha, e me convidar para brincar com ela?

Não me lembro. Mas parece que faz tão pouco tempo.

Hoje, olho para ela e vejo uma moça linda, dinâmica, fazendo uma bela carreira profissional, e cuidando com carinho de sua nova casinha. Agora de verdade.

Observo como esta feliz, com suas escolhas, e tem me ensinado por inúmeras vezes lições preciosas de viver.

E não posso deixar de me perguntar, quando foi que ela se tornou essa mulher tão especial?

Onde eu estava, que não vi essa transformação ?

A menina carinhosa e sapeca, se confunde com a jovem cheia de vida e decidida, que por sua vez se funde, nessa mulher que sabe o que quer, luta com coragem e determinação por seus sonhos.

E eu perdida procuro me achar, nesse Santo Oficio de ser mãe.

Mas as vezes parece que mais aprendo do que ensino....

Lenapena
Enviado por Lenapena em 23/05/2010
Reeditado em 14/04/2011
Código do texto: T2275553