fumaças de minas e outras fumaças

Fumaças de Minas e Outras Fumaças

Wagner Criso

Carta ao leitor

Caro leitor.

Fumaças de Minas e outras Fumaças,

É uma coletânea das poesias e dos pensamentos

Que escrevo desde o ano de 1989.

O titulo Fumaças de Minas e outras Fumaças,

Foi sugerido por um amigo professor de historia.

No ano de 1989, eu trabalhava viajando pelo interior,

Das Minas Gerais.

Foi quando que na solidão,

Dos quartos dos hotéis em que eu me hospedava,

Comecei, sem entender, a escrever.

No começo, como poderão perceber, ao longo da leitura,

Escrevia apenas poemas para letras de músicas.

Cheguei, com alguns amigos a participar de alguns

Festivais musicais.

Mas logo percebi que a minha sina solitária,

Seria mesmo escrever e criar personagens e histórias,

Que ainda não havia lido em nenhum livro escrito por ninguém.

Hoje escrevo textos teatrais, contos, poesias e romances.

Ao longo dessa minha longa caminhada solitária

De conhecimentos e de criações,

Escrevi pensamentos, poesias e textos,

Inspirados em diferentes fazes da minha vida.

Fumaças de Minas e outras Fumaças,

Mostra três das diferentes fases,

As quais vivi e ainda vivo.

A fase da paixão pela terra natal.

A fase do revolucionário.

E a fase do visionário descompromissado.

E foi assim que a vida me tornou mais observador.

Hoje, entendo que o melhor da vida,

É simplesmente viver sem ter compromisso,

Com qualquer uma das fases da vida.

Espero que apreciem e que gostem da leitura

Um abraço!

O Autor.

Primeira fase

Paixão pela terra natal

Wagner Criso

Sumário da primeira fase:

Pág.

- Mineirar-se.......................................................................... 05

- Sons da natureza................................................................. 06

- Velho Chico......................................................................... 08

- Belo...................................................................................... 09

- Casa de pau-a-pique........................................................... 10

- Dias no sertão...................................................................... 11

- Homem do campo............................................................... 12

- Caboclo sonhador............................................................... 13

- É festa.................................................................................. 14

- Sabiá laranjeira.................................................................. 15

- Cidade Profeta.................................................................... 16

- Cidade Emboaba................................................................ 17

- Vem ser Mineiro................................................................. 18

- Festa no trem...................................................................... 19

- Minha gente como eu......................................................... 20

- Coisas de Mineiro............................................................... 21

- Óia só................................................................................... 22

- Ô trem mió de bão sô......................................................... 23

- Bêra do rio.......................................................................... 24

- Nego Véio........................................................................... 25

- Nóis é assim........................................................................ 26

- Cumé que é........................................................................ 27

- Forró na roça..................................................................... 28

- Estação de trem................................................................. 29

- O circo chegou................................................................... 30

- Velho violão....................................................................... 31

- Sertanejo solitário............................................................. 32

- Lenha-seca......................................................................... 33

- Voltando pro sertão.......................................................... 34

- Sertanejo............................................................................ 35

- Minha tapera..................................................................... 36

- Andar de carroça na roça................................................. 37

- Voa sabiá............................................................................ 38

- Orde.................................................................................... 39

- Minas Gerais uai............................................................... 40

Mineirar-se

Diga paraíso. Digo mineiro.

Digo Sertão. Diga Cangaceiro.

Quando o sol se vai por trás da serra,

Ilumina lampião a tapera.

Ascenda o fogão a lenha,

Ponha no fogo a panela.

Panela de pedra polida,

Colher de pau e gamela.

Café socado, torrado, moído e coado,

No coador de saco alvejado.

Pendurado na parede de barro,

Ao lado do violão afinado,

O Santo devoto no quadro.

No pote, também de barro, a água mineral e

Gelada da bica.

No cabo da enxada,

No dia a dia,

A dura lida.

Galo carijó como despertador.

Símbolo do time de futebol querido;

Motivo de raça e amor.

Canto variado de belos pássaros.

Estradas de terra sem asfalto.

De Caeté vieram os Emboabas.

Tiradentes gritou liberdade.

De Aleijadinho que com inspiração esculpia.

Grandes homens levantaram cidades.

Santos Dumont com o 14 bis,

Pelos céus da França, ele voou!

De Juscelino surgiu Brasília.

Tancredo Neves revolucionou.

Diga riqueza. Digo Bananeira.

Digo canção. Diga laranjeira.

Mineirar-se é preciso.

Aqui fica o paraíso.

Digo venha pra cá.

Diga Mineirar-se.

Sons da Natureza

Andando por estradas.

Adentrando em virgens matas.

Iluminando aquela gente.

Gente humilde da roça.

Encontrando aquele menino.

Que sonha acordado.

Com a viola nas mãos.

Canta o amor.

Canta o sertão.

Elogia a natureza.

Como Deus criou.

Conversa com os bichos.

Toma banho de cachoeira.

E aqui tudo dá!

Tudo se completa.

É só acreditar!

Lavouras tamanhas.

Riachos e corredeiras.

Os sons da natureza,

Falam alto por aqui.

E aquele menino,

Uma menina encontrou.

E entre versos e prosas,

Com a Donzela se casou.

Arrendou uma rocinha,

Nela semeou,

Um pingo de esperança,

Um começo de vida,

De uma vida a dois.

E tudo floresceu.

Outrora latifúndio.

Agora solo produtor.

E aqui tudo dá!

Tudo se completa,

É só acreditar!

Velho Chico

As águas do Velho Chico.

Levam minha saudade pro mar.

O tempo sempre corrente,

Leva minha vida pro ar.

Um dia pego a viola,

Vou cantar por ai.

Montado em um cavalo branco,

Os olhos em pranto;

Tenho que partir.

A caminho da grande cidade,

Me bate a vontade querendo voltar.

Passar por velhas porteiras,

Escutando o berrante soar.

Olhar a grande boiada,

No começo da jornada,

Em uma comitiva sair.

Chegar na grande cidade,

Tentar a sorte enfim.

Mas quando a saudade bem forte,

No meu peito bater.

Largo tudo pra lá,

E volto pra beira do Chico te ver.

As águas do Velho Chico,

Levam minha saudade pro mar.

O tempo sempre corrente,

Leva minha vida pro ar.

Voltar as minhas raízes,

Sem cicatrizes ficar.

Correr pelas margens do Chico,

Gritar de alegria e cantar.

Escutar o barulho das águas,

Como em uma enxurrada correr.

Selar o cavalo branco,

Cavalgar pelo campo, viver.

Um dia largo a sela,

Pra com uma Donzela casar.

Criar os nossos filhos,

Na beira do Chico e sonhar.

As águas do Velho Chico,

Levam minha saudade pro mar.

O tempo sempre corrente,

Leva minha vida pro ar.

Belo

Puxaram o apito do trem.

Avistamos a estação.

Chegamos ao Curral Del Rei.

Bateram fortes nossos corações.

Do Cantador vieram as boas vindas.

Da menina o primeiro olhar.

Do horizonte a beleza quista.

E da serra a razão do amar.

Belo Horizonte de belezas mil.

Ordem e progresso sempre respeitou.

Liberdade ainda que tardia.

Orgulho, paz e muito amor.

Como és lindo oh, Belo Horizonte.

Quem te conhece não esquece jamais.

Por estradas que já passei.

Você dos belos é muito mais.

Belo... belo... meu Belo Horizonte.

Belo... belo... teu Belo Horizonte.

Belo... belo... és a nossa Belo Horizonte

Casa de pau-a-pique

“Casa de pau-a-pique.

Paredes moldadas a mão.

Morada de Nego Véio,

Em meio a prantação.

Cheiro puro da terra.

Liberdade por todo lugá.

O baruio da cachoeira,

Tudo pode se isquitá.

Broa de fubá com café.

Fumaça na chaminé.

Casa de pau-a-pique,

Cobertura de sapé.

Casa de pau-a-pique;

A pique, casa de pau.

Passarinho num tem gaiola.

Beleza num tem frontêra.

Milho verde no quintal,

Madurece bananeira.

Café-de-rapadura,

Arroz socado no pilão,

Luz num ascende aqui,

Alumêia lampião.

Broa de fubá com café.

Fumaça na chaminé.

Casa de pau-a-pique...”

(CONTINUA...)

Segunda fase

O Revolucionário

Wagner Criso

Sumário da segunda fase:

Pág.

- Planeta estrada..................................................................43

- Rendição............................................................................44

- Quem sou...........................................................................45

- João....................................................................................46

- Domínios selvagens...........................................................47

- Rosa Negra........................................................................48

- Janeiro...............................................................................49

- Ninguém............................................................................50

- luz de metal.......................................................................51

- Dias selvagens...................................................................52

- Perdas e danos..................................................................53

- Tributos aos Soldados mortos........................................54

- Liberdade ainda que tardia............................................55

- Cristal e marfim...............................................................56

- Poeta..................................................................................57

- Fardas de guerras............................................................58

- Promessas.........................................................................59

- Periferia.............................................................................60

- Longa espera.....................................................................61

- Política Policia...................................................................62

- Imaginação........................................................................63

- Gerações............................................................................64

- Lugar nenhum..................................................................65

- Pleito..................................................................................66

- Homem de preto...............................................................67

- Ah se pudesse eu...............................................................68

- Catorze..............................................................................69

- Poema de um estranho no boteco...................................70

- Marcianos.........................................................................71

- Permanecendo..................................................................72

- Cidadão Europeu.............................................................73

- Políticos profissionais......................................................74

- Uma vida que não deu certo...........................................75

- Idiota.................................................................................76

- Bandidos...........................................................................77

- Labaredas de fogo............................................................78

- Medo de ter medo.............................................................79

- Caminhos...........................................................................80

- Um segundo de cada vez ................................................81

- Criador de frases e personagens.....................................82

Planeta estrada

Mais um dia que se vai.

Eu preciso ir embora.

Sei que já é hora,

De tocar outra canção.

Me leve à realidade

Mostre-me a razão.

Não diga que estou errado,

Sem ouvir o outro lado.

Quem mente é quem vence!

O planeta é depredado.

Mas existem outros planetas,

A serem explorados.

Vou voar com um beija-flor,

Vou te amar no teu ninho.

Depois de saciado,

Escreverei uma canção.

Vou pedir a Deus do céu,

No dedilhar da minha viola,

Que não deixe faltar,

Paz a quem tanto chora.

Um dia venceremos,

A grande caminhada.

O mundo é pequeno,

Mas não termina no fim da estrada!

Rendição

Todos foram pacificados.

Calaram flechas e machados.

A magia do Pajé,

Trocada pela medicina.

E a Índia menina?

Foi violentada pelos Caras pálidas.

Pelos brancos das bandeiradas.

E a flecha se calou.

E o Cacique se entregou.

Guerreiros comprados,

Por roupas e espelhos.

Um a um,

Até se render o ultimo eles.

Tribos invadidas,

Pelos Brancos inimigos.

Doenças contagiosas,

Assolando as ocas.

E quem se importa?

Se Índio morre queimado,

No Distrito Federal,

Na Metrópole Capital.

Que ainda hoje é protegida

Pelos punhos fortes do Militarismo.

Filhos Homens deles,

Mesmo barbados são chamados de

Meninos.

E nada mudou.

E a flecha se perdeu.

O Cacique foi catequizado.

Guerreiros viraram empregados.

E a tribo se perdeu.

E o sonho acabou.

Quem sou

Me perguntaram quem sou,

De onde venho,

E pra onde vou.

Eu respondi não sou ninguém.

Não venho de lugar algum,

E não sei pra onde vou.

Não sei o que faço,

Não conheço ninguém importante.

Não tem ninguém a minha espera.

Não sei se tenho amigos,

Não tenho amor,

Não tenho nada.

E a toda hora me perguntam,

O que será que sou?

Não sei se amo,

Não sei se odeio.

Não sei se vivo,

Não sei se morro.

Não sei se vou,

Não sei se fico.

Nada sei a meu respeito,

Me mandam falar de mim,

Mas eu não tenho o que falar.

Só sei que a humanidade,

Se eu pudesse,

Eu queria,

Ajudar a salvar.

João

Eu o procuro, por ai a fora.

Meu pensamento vê,

O teu corpo inteiro.

Eu persigo os mistérios,

Corro atrás dos meus sonhos,

E me encontro onde mora a paz.

Vejo o mundo se evaporando.

Eu não o construí,

Mas também não vou o destruir.

E o meu filho então?

Ainda não tenho.

Meu Pai se foi,

E só me resta eu.

Geração de família,

Em mim não pode parar.

A família é a vida,

E a vida sou eu.

Eu tenho a vida,

A vida me tem.

Se tivesse mil vidas,

Quase todas já teriam chegadas ao fim.

E quando é o fim?

Será que é um novo começo?

Eu me comparo com a eternidade.

Mas e a eternidade,

Será que é mesmo eterna?

Eu precisava de amor paterno.

E o meu a quem dou,

Quem vai o herdar?

Quando esse dia chegar,

Talvez eu pare pra pensar!

Domínios selvagens

Sangue e duvida.

Morte oculta.

Ainda que pedisse amor,

Eu não seria atendido.

Orgulho de arrependido.

Armas, árvores e aviões.

Paz na terra e pras próximas gerações.

Legião estrangeira,

Fardas sujas de guerras.

Guitarra elétrica.

Duvidas e pão.

Guerra após guerra.

Porrada de irmão.

Religião estrangeira,

Armas de disputas,

Amor de prostitutas.

Equilíbrio, sabedoria e paz.

Aqui agrado,

Ali me farto.

Os fardos são deles,

Pecados nunca são teus.

A ferida sangra e dói.

A paz vem pra quem constrói.

Meu fim não virá antes do teu.

Onde está a vida?

Onde estão os Poetas?

Quais as horas certas?

Uma bala no peito,

Um grito suspeito...

(CONTINUA...)

Terceira fase

O Visionário

Wagner Criso

Sumário da terceira fase:

Pág.

- Olhos fechados.....................................................................85

- Acreditar...............................................................................86

- Tanto tempo, tampo............................................................87

- Renascer...............................................................................88

- Mulher Menina....................................................................89

- Espaço...................................................................................90

- Sem compromisso ou obrigação.........................................91

- Mão trêmula.........................................................................92

- Ver-te....................................................................................93

- Fatalidades...........................................................................94

- A espera do Guerreiro ferido.............................................95

- Salto alto...............................................................................96

- Desespero.............................................................................97

- Sofisticado............................................................................98

- Minha Guerreira.................................................................99

- Por quê................................................................................100

- Primeiro dia realmente só.................................................101

- Longa espera, longa...........................................................102

- Valer a pena.......................................................................103

- A caminho...........................................................................104

- Carnaval.............................................................................105

- Manancial...........................................................................106

- No cio..................................................................................107

- Braços fortes......................................................................108

- Eva.......................................................................................109

- Espera.................................................................................110

- Eu........................................................................................111

- Você.....................................................................................112

- Derrotado...........................................................................113

- Deserto................................................................................114

- Juntador de palavras.........................................................115

- Um dia ou outro.................................................................165

- Leviano...............................................................................117

- Todos...................................................................................118

- Vozes...................................................................................119

- O poder...............................................................................120

- Louco...................................................................................121

- Busca...................................................................................122

- Migalhas.............................................................................123

- Vá pensamento...................................................................124

Olhos fechados

Quando o por quê não tem respostas.

Quando o ir não tem volta.

Quando o ser não faz sentido.

Quando o fazer não é reconhecido.

Quando o amanhecer não tem importância.

Quando o anoitecer não faz diferença.

É hora de mudar a direção!

É chegada a certeza da decepção.

E se caminhamos sozinhos, não há saídas.

E se acreditamos em tudo, lutamos contra todos.

E se não conseguirmos vencer, outros comemorarão.

Mas se encontramos ajuda no vazio,

A historia muda.

Fica mais fácil a direção.

A humildade vence armas em punhos.

O sorriso inocente derrota o ódio do olhar.

A estrada continua longa.

Sem término, sem teto, sem objetivo.

Mas por ser longa demais, as pernas se canssam.

O sorriso some e a matéria cai desfalecida,

No meio do caminho de obstáculos.

A distancia até então percorrida,

Fica sem sentidos, sem significados,

Sem respostas concretas.

Foi só uma perda de tempo?

Foi só um acreditar no desacreditar?

Foi um forçar dos músculos em vão?

E como remédio, só nos resta privar os olhares.

De olhos fechados não se vê a diferença,

Só a sente no globo ocular.

Mas enquanto o coração teimar em bater,

A dor não é passageira.

E uma pergunta fica:

- Por quê fechar os olhos então?

Acreditar

Vamos saudar as chuvas intensas,

Que matam as sedes nos sertões.

Vamos comemorar,

O fim das inundações.

Vamos aos estádios,

Ver o glorioso alvinegro,

Ser mais uma vez campeão.

Preto e branco,

Cores de garra, amor,

Raça e emoção.

Hoje o dia amanheceu lindo como nunca.

Os pássaros cantaram a mais bela,

E afinada melodia.

O sol congratulou o desabrochar,

Da flor menina.

Árvores frutíferas molhadas de orvalho.

E as formigas miúdas,

No vai e vem do incansável trabalho.

É trabalhando que se vence o jogo!

É vivendo e deixando viver,

Que conservamos os sorrisos nos rostos.

Não vamos mais nos preocuparmos,

Com as derrotas injustas.

Vamos acreditar que alguém,

Em algum lugar,

Se importa conosco.

E que um dia, juntos,

Veremos o por do sol cor de fogo.

Tanto tempo, tanto

Tarde fria do mês de julho.

Em meio as férias escolares e estou só.

Formas abstratas, insistem em nascer do bico

Da minha caneta esferográfica.

Palavras estão cada vez mais difíceis.

Talvez fosse melhor não insistir na escrita.

Talvez fosse melhor pintar quadros abstratos.

Minhas gravuras estão esquecidas.

Meus quadros iniciados, empoeirados.

Minha maquina de escrever está quebrada.

Não sei mais o que fazer.

Talvez seja o futuro que ainda não percebi.

A modernidade, o inicio de uma nova era.

Onde a tecnologia já assumiu um lugar de destaque.

Minha arte continua esquecida,

Como a inocência daquela menina,

Que hoje faz sexo anal e oral.

Pastas cheias de papeis datilografados.

Amarelando com o tempo que insiste em correr,

Alucinado e desgovernado.

Rugas no rosto, nos mostram o futuro.

Calos nas mãos e nos pés,

O grande caminho percorrido.

Mas a boca, como se não aprendesse nunca,

Pede mais um trago de cigarro,

Mais um gole de bebida amarga.

Os olhos sim, eles passam a enxergar mais,

Lêem nas entrelinhas o destino escrito.

E já não se escandalizam mais,

Com as armadilhas da serpente mãe voadora,

Que se arrasta entre corpos belos.

Mas os olhos cansados só não aceitam

Que já se passaram,

Tanto tempo,tanto.

Renascer

Tudo errado ou tudo certo?

A resposta pode estar tão perto.

Perto demais que não a vejo.

Não é concreto, não é eterno,

Não é matéria, não é ilusão.

É como um inseto ferido de morte,

Que mesmo morrendo,

Luta desesperadamente, bravamente,

Pela tua vida de inseto.

Palavras doem mais que pancadas.

Ações impensadas destroem corações alheios.

E o reviver se torna impossível,

E o anoitecer passa a ser o preferido.

Mas se ainda consegue empunhar uma caneta,

E escrever.

A pena por si mesmo é esquecida.

É vencida.

É uma gota de orvalho.

Puro, louco e visionário.

Sei que Raposa é moda.

Galo é paixão.

A moda é momento.

Paixão é coração.

Escritores não são fabricados em Universidades,

Nascem!

A realização pode até depender do reconhecimento.

Mas a certeza de ser, é o sustento do ego.

Cegos, somos todos um pouco.

O sonhar faz parte do jogo.

Os sonhos sustentam pilastras de carne,

Músculos, sangue, artérias, veias e ossos.

Alguém tem que se interessar.

Alguém precisa a mão estender.

Então o chover, só será chover.

O astro rei, só será o sol.

Que na verdade,

Nasce mesmo pra todos.

Mulher Menina

Olhos lindos como aqueles, nunca vi.

Uma cor amarelada de mel, um por do sol sufocante.

Um brilho intenso, quente e doce.

Um chamar ao imaginário, ao desconhecido,ao improvável.

A uma agradável felicidade.

Olhar profundamente aqueles olhos e não se excitar,

É impossível.

Beijar aqueles olhos e não se satisfazer,

É impensável.

Quem vê aqueles olhos e não poder voltar a vê-los,

Não enxerga mais os próprios olhos diante de um espelho.

Lábios sensuais como aqueles, nunca vi.

Uma cor rosada de mel,

Uma sensualidade ofuscante, mas fitável.

Quem beijar tais lábios e não poder voltar a beija-los,

É melhor perder o paladar.

Umbigo lindo como aquele, nunca vi.

Uma cor marrom de mel,

Um por do sol macio e delicado.

Quem lamber do néctar de tal umbigo,

E não poder mais lambê-lo,

É preferível ter a língua decepada.

Ventre lindo como aquele, nunca vi.

Uma cor caramelada de mel,

Uma sensualidade desejável e irrecusável.

Quem penetrar tal ventre e não poder mais penetra-lo,

É preferível perder o alibido.

Sentir o respiro de vida, se esvaindo aos poucos,

Do pobre e próprio corpo mortal.

Tais conjuntos de células macias,

Doces, morenas e perfeitas,

Pertencem a mais linda morena

Que meus olhos críticos já viram.

Talvez ela só exista em meus pensamentos.

Talvez o que vivi ao lado de tão bela criatura,

Não passou de uma alucinação ou de um sonho.

Mas por Deus, como não acreditar...

(CONTINUA...)