Meus mistérios
Gosto do gosto
que o ousar me dá
Do barulho que faz
meu coração de carne
Sei ser capaz de voar
Onde estão as asas?
Não preciso delas
Uso minhas palavras
Ásperas, doces, na hora resolvo
Vou longe sem sair do lugar
Gosto do improvável
Do complexo
De tudo que não tenha nexo
Gosto do gosto do gozo de vir-a-ser
me-ta-mor-fo-se
Do avesso às avessas
Do riso de boca fechada
Do choro sem nenhuma lágrima
Gosto de voar apenas no pensar
De conseguir só com palavras
Gritar, sorrir, amar
Ser taxada de ousada?
Que só quero complicar
Que se dane a lógica
Não tenho objetivo com nada
Apenas amo o prazer de pensar de como será
O encontro de minha loucura com minha sensatez
Dessa vida onde todos querem o “normal”
Será que ele existe?
Gosto de gente sem melindres
Forte, que enfrenta o incerto, sem aiaiai
Gente assim cheira a vida
Dá-nos prazer
Odeio a mediocridade
Chega de cinismo
Quem terá coragem de se expor
Há alguém aí capaz de retirar a máscara
Na hora de apontar o dedo por detrás
sempre há um voluntário
Amo a vida, amo viver e ser livre
Por isso, nunca matarei meus mistérios