Aquilo que julgo e não deveria ser
Somos tão poucos, tão pequenos, vivendo num tempo curto e intenso.
Falamos de amor em datas comemorativas, comemos melhor aos domingos - bom, os que comem sim!
Usamos roupas novas aos sábados e nos irritamos todos os dias.
Meu caso é o seguinte:
Eu só fumo quando bebo e bebo cinco dias da semana. Transo casualmente. Não posso comer frango e como praticamente sempre! Assassino desejos minutalmente e sublimo prazeres como consequência.
Sou tão pouca. Tão pequena. Faço mil e uma coisas em apenas duas horas. Gosto pouco de mim.
Expulsei todos os amores que tive. Abandonei as pistas que tinha pra felicidade. Procurei a maneira mais prática de viver - o máximo que consigo é a sobrevivência.
Enterrei meus sonhos. Ando de mãos dadas com uma realidade crua. Não dou lugar aos idosos, me acho muito cansada pra isso. Não dou trocados por aí, penso que eles tem que se virar. Me tornei azeda, muito azeda. Não há espaço pra doçura. Não sei como se abraça, nem como dar um beijo gostoso em alguém. Não sei dar carinho, nem como receber.
A rotina me fez atropelar sentimentos, sensações, desejos, quereres, amores, sonhos, vivências, carícias, afeto. Me fez atropelar a mim mesma. Logo eu que sou tão pouca, tão pequena, como você que lê agora a esse texto. Mesmo não sendo pequeno como eu, é pequeno diante dessa imensidão de mundo.
Somos mesmo tão poucos, tão pequenos, vivendo num tempo curto, inoportuno, descartável, e pra alguns, nada intenso.