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Acordei excitado,
Tinha sonhado com o Par de Sapatos
Ele estava jogado na água
A aparência era mais nova
Do que a de sempre
Ele comunicando com o meu coração
suplicava auxílio.
Havia dias que o abandonou ali,
estava posto de lado,
condição incômoda para o Par de Sapato
que, acostumado a horizontalidade,
queixava-se ao ver o mundo
tão obliquamente.
Despertei, levantei-me apaixonado, buscando o Par
apaixonado sim,
apaixonado como todo aquele sonhador.
Busquei-o sob a cama,
no alto do armário,
dentro do balde
e em vão foi minha busca.
Conferi junto aos outros
e o Par não estava lá.
Havia uns quase ele,
mas não eram carmim suficiente
Havia uns quase ele,
porém não possuíam personalidade suficiente.
Fugia de mim o Par de Sapatos?
Onde andaria?
Como lhe socorrerei eu
se força esconder-se de mim.
Já havia passado cinco minutos
que me levantara
e ainda buscava o Par.
Meu sentimento me doía
até que, antes do auge da agonia
lembrei-me que o Par não existia
e que o resquício da utopia
um dia se explicaria.